segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Nós somos muito desenrascados, mas isso será assim tão bom?

A capacidade para desenrascar é uma das mais vincadas características dos portugueses. "Quem não tem cão, caça com gato" é a frase feita que melhor se aplica ao nosso povo. Essa capacidade às vezes pode dar muito jeito e ser uma qualidade. Quando qualquer coisa não corre tão bem como devia, lá vai o português com o seu jeitinho para desenrascar, e a coisa, mal ou bem, lá se faz. Mas essa capacidade também pode ser um grande defeito.

Olhem só este exemplo. Da varanda das traseiras da minha casa tenho uma grande vista sobre a cidade e sobre muitos telhados vermelhos tão típicos da nossa Lisboa. O proprietário de um destes prédios mais próximos da minha casa, num grande acto de verdadeiro "desenrascanço", não tendo dinheiro para concertar o telhado do seu prédio, tratou de remendá-lo com mil e um pedacinhos de material isolante. Tudo bem, ninguém quer que chova dentro da casa das pessoas, mas era preciso criar aquele espectáculo  prateado no telhado? Imaginem que todos os proprietários de Lisboa resolviam fazer o mesmo, o que seria da nossa cidade? A vista de qualquer miradouro seria difícil de suportar sem uns óculos bem escuros.


Claro que podem argumentar o que é preferível, famílias com água dentro de casa ou um mero telhado remendado? Claro que eu sempre perferiria o telhado remendado. Mas também sei que isto não é apenas por algum tempo. Sei que aquela tela isolante vai ficar ali até eu ter a minha cabeça cheia de cabelos brancos, se entretanto o prédio não tiver caído. Porque o que era para ser um desenrascanço provisório acaba por ser permanente e ficamos perante factos consumados.
Hoje em dia até já existe tela isolante com uma cor semelhante à telha portuguesa, porque é que este proprietário não teve o bom senso de a usar?

Podem achar que estou a fazer much ado about nothing, mas não é apenas uma questão de estética, é uma questão de mentalidade. A mentalidade do desenrasca não pára de crescer. E está enraizada em todas as camadas da nossa sociedade.

O que vale é que nem todos somos assim, e na frente do meu prédio tenho um exemplo de um restauro de um edifício feito na perfeição. Aquele prédio branco que se vê nesta foto foi restaurado há mais de dois anos e continua impecável.
Tirei esta foto há alguns dias numa tarde chuvosa de Outono. Estava um daqueles dias feios, cinzentos, chuvosos, ventosos, daqueles dias em que ficamos felizes por estar em casa. E eu quis fixar o Outono lá fora.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sobre a crise...


Portugal está à beira da bancarrota. Os sucessivos governos não foram capazes de equilibrar as finanças públicas, nem de criar prosperidade económica no sector privado. Estamos falidos. Estamos de rastos.

Pede-se austeridade, mas esta só parece atingir os mais fracos.
Corta-se o abono de família e os ordenados dos funcionários públicos, mas não se cortam os dos gestores da Caixa Geral de Depósitos.

Pede-se aos portugueses que poupem, mas quem consegue poupar se os salários são cada vez mais baixos e sem perspectiva de aumentos nos próximos tempos?

Eu sei que muita gente se deixou levar pela facilidade de créditos e tentou viver acima das suas possibilidades. Esses são responsáveis pelos seus actos. Mas não foram os cidadãos que se encontram em situação de crédito malparado que puseram o país nesta situação. Parece-me a mim que o problema é que o País como um todo (o Estado e as Empresas) andou a viver tempo demais acima das suas possibilidades, o país como um todo (o Estado) é que se endividou de forma brutal. E agora todos pagamos.

E parece-me que isto não tende a melhorar nos próximos tempos.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A glimpse of Lisbon (3)

Comprar à moda antiga ainda é possível, é só querer.

sábado, 13 de novembro de 2010

Changing the mood



Este foi um dos hinos da minha adolescência e sempre que ouço esta música fico feliz. É daquelas músicas que me põe imediatamente bem disposta. E o vídeo é tão divertido, so 80's!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

The Soundtrack of my Life 7



In this proud land we grew up strong
We were wanted all along
I was taught to fight, taught to win
I never thought I could fail

No fight left or so it seems
I am a man whose dreams have all deserted
I've changed my face, I've changed my name
But no one wants you when you lose

Don't give up
'cause you have friends
Don't give up
You're not beaten yet
Don't give up
I know you can make it good

Though I saw it all around
Never thought I could be affected
Thought that we'd be the last to go
It is so strange the way things turn

Drove the night toward my home
The place that I was born, on the lakeside
As daylight broke, I saw the earth
The trees had burned down to the ground

Don't give up
You still have us
Don't give up
We don't need much of anything
Don't give up
'cause somewhere there's a place
Where we belong

Rest your head
You worry too much
It's gonna be alright
When times get rough
You can fall back on us
Don't give up
Please don't give up

'got to walk out of here
I can't take anymore
Gonna stand on that bridge
Keep my eyes down below
Whatever may come
And whatever may go
That river's flowing
That river's flowing


Moved on to another town
Tried hard to settle down
For every job, so many men
So many men no one needs

Don't give up
'cause you have friends
Don't give up
You're not the only one
Don't give up
No reason to be ashamed
Don't give up
You still have us
Don't give up now
We're proud of who you are
Don't give up
You know it's never been easy
Don't give up
'cause I believe there's the a place
There's a place where we belong

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mistérios de Lisboa

Mistérios de Lisboa, de Raul Ruiz é sem dúvida um grande filme, e não apenas por ter a duração de 4h e 20 m. Sim é muito grande, mas o tempo parece que voa ao assistir a este espectáculo deslumbrante. Os cenários perfeitos, a exemplar caracterização de época, os belos vestidos nos salões da nobreza, tudo nos faz viajar no tempo. E a cada imagem surge o Romantismo, com todo o seu esplendor.

Não conhecia o livro que deu origem ao filme, mas conhecendo outras obras de Camilo Castelo Branco, reconheci o seu estilo romântico, os dramas, as tragédias, o sofrimento dos personagens: "a esperança da morte é o paraíso dos infelizes", diz a certo ponto uma das personagens principais.

Apesar das suas 4 horas, o filme não é minimamente monótono: as intrigas, as histórias cruzadas, as reviravoltas, as surpresas, os mistérios não permitem que o bocejo se instale.



Não conhecia nenhuma obra do realizador chileno Raul Ruiz, apesar de já ter ouvido falar em Genealogias de um Crime e Le Temps Retrouvé, mas fiquei fã. Nunca o Portugal do tempo do romantismo foi filmado com tanta mestria. Lindo.

Os desempenhos também são fabulosos, começando desde logo pelo promissor João Luís Arrais com o seu olhar profundo e sentido. Este menino vai longe.

Em suma, não tenham medo das 4 horas, vão ver que vai passar num instante.