sábado, 28 de novembro de 2009

Pensar antes de Comprar

Ao ler um post da Beth, fiquei a reflectir sobre a nossa responsabilidade como consumidores.

A maioria das pessoas quando compra não pensa. Muitos porque infelizmente não podem dar-se ao luxo de pensar e esses eu desculpo já aqui. A maioria das pessoas não está em situação de pensar antes de comprar, porque ganha muito pouco ou porque não ganha nada e esses eu ponho já de parte desta discussão.

Mas uma parte considerável dos consumidores compra na mais pura ignorância e não pensa por pura preguiça.

Se pensarmos por exemplo nas lojas chinesas que proliferam em Lisboa e reflectirmos um pouco, vemos que para estas lojas colocarem aqui produtos a 1 € ou 0,50 € algo está mal. Porque se um comerciante aqui tem lucro a vender um produto a um preço irrisório, quando teve que importar esse produto da China e comprá-lo a uma fábrica chinesa que por sua vez "tem" que pagar aos funcionários chineses que fizeram o produto, é porque algo está muito mal nesta cadeia de produção. É porque o funcionário chinês recebeu muito pouco pelo seu trabalho. E é aí que reside o problema.

Podemos também pensar nas "grandes" multinacionais de informática, electrodomésticos ou brinquedos que têm fábricas na China, onde os trabalhadores são explorados de forma desumana, para garantir os lucros desmesurados das marcas.

Ao comprar qualquer coisa feita na China convém ver quais as condições que essa empresa dá aos seus trabalhadores, porque se não o fizermos continuamos a contribuir para a manutenção de uma situação vergonhosa.

Os trabalhadores portugueses lutam há décadas para terem os seus direitos consagrados na lei. Para trabalharem apenas 4o horas de trabalho por semana, no máximo 45. Para terem um salário mínimo que permita o sustento mensal de uma família e que nós sabemos que mesmo assim é preciso apertar muito o cinto para uma família sobreviver com dois salários mínimos quanto mais com um, no caso de um membro do casal estar desempregado.


Todos os dias fecham fábricas em Portugal, umas com a desculpa da crise, mas muitas porque as empresas deslocalizam as fábricas para países asiáticos onde a mão de obra é muito mais barata e trabalha muito mais horas.

Países cujas economias crescem à custa da exploração dos seus trabalhadores. Contam-se casos de pessoas que trabalham sem folgas durante meses e pessoas que dormem no trabalho para não "perder tempo" a ir dormir a casa.

Ir a uma loja de produtos chineses e comprar uma extensão eléctrica por um euro pode muito bem ser o mesmo que ajudar um chinês a ser explorado de forma desumana. Porque uma extensão eléctrica feita em Portugal custa pelo menos 3 €. É o preço normal, para que trabalhador fabril, dono da fábrica e comerciante ganhem a sua parte.

Não me passa pela cabeça apelar a um boicote às lojas chinesas. Os comerciantes chineses que emigram para Portugal só estão "a fazer pla vida" como se diz por aqui. E os portugueses que só podem comprar nas lojas deles, estão a fazer o mesmo. Também não apelo a nenhum boicote a tudo que seja made in China, apenas apelo à consciencialização dos consumidores. Quando comprem tentem saber o que está por trás dessa aquisição. Pensem antes de comprar.

É urgente que o consumidor esteja consciente do que está a fazer quando compra alguma coisa, o que quer que seja.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ponto de Luz

Sara Tavares, uma das vozes mais bonitas de Portugal, numa música linda. Há muito tempo que Sara já não é a menina do Chuva de Estrelas. Sara amadureceu e tornou-se uma cantora com personalidade e estilo bem definidos. Já nos habituou à qualidade e àquela misturinha boa de Portugal com Cabo-Verde.

Neste momento não me sai da cabeça e tranquiliza-me bastante.

sábado, 21 de novembro de 2009

O Sonho Comanda a Vida

A minha vida é sonho e sempre será. Nunca, mas nunca vou deixar de sonhar. Quando eu já não sonhar, já não serei eu. Já lá vão 35 e continuo a sonhar...

Pedra Filosofal, António Gedeão

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.



Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Pausa

Estou e estarei numa pausa das blogagens. Estou com um trabalho de tradução em mãos que me tira todo o tempo extra e não me permite blogar. Também ando um bocadinho sem vontade. Visitarei os vossos cantinhos de vez em quando para matar saudades, mas acho que por agora preciso de desligar um pouco.

Peak District National Park - Inglaterra

Fiquem bem e façam o favor de ser felizes...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mais uma experiência culinária

Desta vez aventurei-me na culinária brasileira, com os famosos pães de queijo. Claro que para um brasileiro deve ser a coisa mais simples do mundo e não deve ser nenhuma aventura, mas para mim, com pouca experiência na cozinha e com nenhuma experiência com esta farinha de mandioca a que chamam polvilho azedo, foi uma bela aventura.

Segui a receita que vinha na embalagem de polvilho, que pecava por ser muito simples e básica. A meio da confecção lá tive que fazer uma chamada de emergência para a minha irmã que já fez esta receitas algumas vezes e lá me acalmou. Estava um bocadinho assustada com aquela consistência de borracha que a massa estava a ganhar.


Ingredientes:
500 gr de polvilho azedo
2 chávenas de leite
1 chávena de óleo
4 ovos
2 chávenas de queijo ralado
sal a gosto

O queijo que deve ser utilizado é o Queijo Minas, da Região de Minas Gerais, mas como não consegui encontrar esse queijo por aqui, usei o queijo Manchego, um queijo espanhol, que alguns blogs dizem ser o mais parecido com o queijo minas que podemos encontar por aqui.

Modo de fazer:

1 - Ferver o leite com o óleo e o sal, e escaldar o polvilho

2 -Deixar arrefecer

3 - Acrescentar os outros ingredientes e amassar bem

4 - Fazer bolinhas e cozer em forno quente

Como podem ver a receita que vem na embalagem é muito básica e no meio senti-me um pouco perdida, uma vez que nunca tinha trabalhado com esta farinha. Mas acabei por me divertir imenso a amassar aquela massa com consistência tão diferente do que eu estou habituada.

A receita não falava em tempo de cozedura. Como podem ver pelas fotos uns pãezinhos ficaram mais caídinhos e outros mais levantadinhos. Gostei mais daqueles mais amachucados e caídinhos, estavam uma delícia. Os outros também estavam bons, mas fiquei com a impressão que cozeram demais.

Cada vez estou com mais vontade de experimentar coisas novas na cozinha e esta experiência até nem correu mal. Não ficaram uns verdadeiros pães de queijo mineiros, mas os pãezinhos luso-brasileiros com um toque espanhol que resultaram da experiência também não desiludiram.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Hoje é dia de magusto


Hoje é dia de S. Martinho, logo é dia de magusto, uma das tradições que eu mais gosto de cumprir.

São Martinho é patrono dos alfaiates, dos cavaleiros, dos produtores de vinho e dos pedintes. É por esta última faceta que o santo é mais celebrado, pois sempre lembramos a famosa história em que o santo partilhou a sua capa com um mendigo numa noite de temporal. Como também é patrono dos produtores de vinho não podíamos deixar de celebrar este dia com o néctar da uva!


A tradição em todo o país é beber o vinho ou a jeropiga a acompanhar as castanhas assadas, conforme referem os provérbios populares:

No dia de S. Martinho, vai à adega e prova o teu vinho

Pelo S. Martinho, castanhas assadas, pão e vinho

Como sempre, o que mais me atrai nestas festividades é a fusão do sagrado e do profano. A ligação da cultura agrícola à cultura religiosa. Na altura do ano em que se enchem as pipas e em que as castanhas estão prontas a comer, celebra-se o Santo e celebra-se o vinho novo e a fartura de castanhas, fruto que foi em tempos a base da nossa alimentação em boa parte do nosso território.

Em minha casa sempre houve magusto. A minha mãe, como boa beirã que é, nunca deixou morrer essa tradição. Já tive a oportunidade também de passar um S. Martinho na aldeia da minha mãe, onde estas tradições são vividas de forma comunitária, o que as torna muito mais ricas e divertidas.

Aqui em Lisboa, também se fazem magustos nas escolas, mas tirando isso, devem ser poucos os magustos comunitários. Cada família faz o seu magusto privativo na sua própria casa. Aqui não vai faltar um copinho de jeropiga e umas boas castanhas assadas, ou não fosse hoje dia de S. Martinho.

E não faltou mesmo! Enchi a barriga de castanhas assadas e de jeropiga!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Babel de mil línguas

Nas últimas duas décadas Portugal passou de um país que enviava emigrantes para todos os cantos do mundo para um país que recebe imigrantes de todos os cantos do mundo. Não é que os portugueses tenham perdido o desejo de evasão e não continuem a sair do país, mas agora de maneira diferente, já não se trata de emigração em massa, como ocorria anteriormente.

Lisboa, principalmente a zona central do Martim Moniz e arredores, é hoje uma cidade cheia de gente de outras terras, África, Brasil, China, Índia, Paquistão, Ucrânia e outros países do leste europeu, que povoam a cidade com as suas diferentes formas de falar português ou com as suas línguas estranhas para a maioria de nós. Ouvimos no metro, na rua, em todo o lado estas novas línguas e começamos também a vê-las escritas por aí.
Como eu tenho um fascínio por línguas tenho andado atenta a esse fenómeno e captei alguns exemplos da Lisboa de hoje, Babel de mil línguas.

Russo (ou algo parecido)

Paquistão, Índia??

...?

Chinês

Já agora, se alguem tiver uma sugestão acerca das línguas que não consigo identificar, podem dar à vontade, porque estou cheia de curiosidade. Espero não ter postado nada indecente, hihihi... é que não percebo absolutamente nada do que está escrito nas fotos!