Lido
aqui:
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Já perdi a conta de quantas vezes me queixei aqui do meu trabalho. De quantas vezes já disse que odiava cada momento que passo de volta das malditas contas, dos balancetes, das reconciliações bancárias. Também já perdi a conta das vezes que, sem sucesso, tentei "virar a mesa". Ou talvez não tenha tentado o suficiente. Talvez as minhas tentativas de mudar sejam na realidade um pouco frouxas, sem ânimo, sem garra.
Não sei.
Mais de metade dos meus colegas de turma da faculdade estão, tal como eu, a trabalhar noutras áreas que não a tradução. Sei de turmas inteiras em que ninguém conseguiu trabalhar na área. Com estes dados desisto e tento convencer-me que terei que viver para sempre na frustração de um trabalho que não me preenche e ainda por cima me faz infeliz. Com o país mergulhado numa crise como há muito não se via, fica mais difícil para quem tem pouca coragem como eu, largar tudo e correr à procura do sonho.
Às vezes sinto-me mesmo a morrer lentamente. Esta semana tem sido especialmente dura. A minha inata incapacidade para os números está à flor da pele, logo quando tinha que estar bem enterrada e mascarada de uma vontade de ferro de conseguir vencê-los, os malditos números.
A única coisa que me anima são umas mini-férias no horizonte com uma escapadinha ao país vizinho. Até lá tenho que me ir aguentando.
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Cais do Sodré - Tejo e margem sul |
Onde passo muitos finais de tarde. O meu Tejo, o meu grande lago, o rio que me acalma e me dá energia.
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A Primavera na minha varanda |
Eu amo todas as flores brancas. Transmitem-me paz e tranquilidade. Quando de manhã vou espreitar à varanda, estes malmequeres animam-me, principalmente se estiverem banhados pela luz do sol. Alimento-me de sol, de água (mar, rio) e de flores. E assim vou tentando não morrer lentamente.