"(...) acho que a probabilidade de ela ser feliz, seria a mesma se ela se casasse com ele amanhã ou se tivesse a oportunidade de estudar o seu carácter por mais um ano. A felicidade no casamento é exclusivamente uma questão de sorte. Por mais que, antecipadamente, se conheça o temperamento do outro, por mais que existam semelhanças entre ambos, não existe garantia de felicidade. O casal acabará sempre por divergir o suficiente para ter a sua cota de aborrecimentos; e é melhor saber o menos possível acerca dos defeitos da pessoa com quem vamos passar o resto da vida."
Orgulho e Preconceito, Jane Austen (tradução minha)
Acho muito interessante este ponto de vista sobre o casamento, exposto pela personagem Charlotte. Por baixo do seu cinismo vejo uma certa clarividência. É verdade que nunca se conhece completamente uma pessoa. E também é verdade que em muitos casamentos a pessoa que melhor se conhece no mundo, de repente se torna a complete stranger. Se as pessoas se conhecessem realmente bem durante o namoro, metade dos casamentos não chegaria a concretizar-se. Como não sou grande fã da instituição acho que a ideia de que o casamento é uma lotaria tem a sua graça. Mas pobre Charlotte, bem precisou do seu pragmatismo para aguentar o que lhe calhou na lotaria, nada mais nada menos de que o homem mais estúpido do mundo, Mr Collins. Acho as personagens de Jane Austen simplesmente maravilhosas e quando penso que foram desenhadas há dois séculos... Esta senhora era genial.
1 comentário:
Achei muito boas sua interpretação deste trecho do livro de Jane Austen. Assisti o filme e adorei. O personagens são complexos. Mas no final ela (a personagem principal) ficou sabendo de muitas qualidades daquele homem.
bjs
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