quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Casa do Passal

Há coisas que acontecem neste país com as quais não me conformo nem nunca me vou conformar. Uma delas é esta: o estado de degradação em que se encontra hoje a Casa do Passal, 5 anos depois de ter sido classificada como monumento nacional.

Para quem não sabe, a Casa do Passal foi a residência de Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em Bordéus, que durante a ocupação da França pela Alemanha ajudou milhares de judeus a fugir da perseguição de Hitler.


Não preciso de dizer que sou grande admiradora da figura de Aristides de Sousa Mendes, um homem que desafiou ordens superiores e concedeu 30 mil vistos a judeus de várias partes da Europa, que assim usaram Portugal como porta de saída do terror e entrada na esperança de uma vida longe de perseguições. Ainda hoje há pessoas que não esquecem o que este homem fez pelas suas famílias e sabem que é graças a ele que estão vivos.


E o que é que Portugal faz? Deixa cair a casa que este homem construiu na sua terra natal e onde passou grande parte da sua vida. Deixa cair um edifício que é monumento nacional. Que bela forma de homenagear a grandeza deste português, não acham?


A casa situa-se em Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal, Viseu, numa região linda, que eu adoro, berço da minha mãe e de toda a minha família materna.
Eu gostaria de vê-la restaurada, como casa-museu, para relembrar e homenagear o seu nobre habitante. Será que algum dia vou ver isso? Infelizmente, não me parece que isso vá acontecer.

Lamento muito que assim seja, porque um país que não cuida da sua cultura, da sua história e do seu património acabará por perder a sua essência. Que futuro para um país que não sabe homenagear os seus grandes homens?

5 comentários:

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Isabel,
Essa falta de atuação é muito triste, pois é lastimável ver um monumento degradar-se.
Já que o poder público não faz sua parte, será que não existiriam homens ligados à cultura, ou homens de negócios, que encabeçassem uma campanha para a restauração necessária?
Beijo.

Cláudia Marques disse...

Já seria mau se fosse a casa de um qualquer cidadão anónimo, assim o caso atinge proporções muito mais graves. É mais uma daquelas situações de que temos que nos envergonhar.
Desperdiça-se tanto dinheiro neste país... e como é que não há dinheiro para isto?
Pelos vistos classificar como monumento nacional é apenas para aliviar a consciência, porque depois na prática nada é feito para preservar este e outros edifícios que estão por esse país fora...
"Heróis do mar, nobre povo, nação valente... " - hoje a Carol teve que levar o hino sabido na ponta da língua, para a ficha de Estudo do Meio. É uma pena que aquela letra esteja tão afastada da realidade. O antigo "esplendor de Portugal" anda pelas ruas da amargura...

pat disse...

Uma das coisas que pode fazer tudo mudar é a obstinação dos homens.
O nosso comprometimento pode,tenho esperança,aletar as autoridades sobre o nosso descontentamento com a situação de descaso. Às vezes, aqui no Brasil, são tantas as causas, são tantas as coisas a denunciar, que desanimo...
Mas acho a internet uma ferramenta muito poderosa, através dela vários pensamentos podem se encontrar, forças podem se unir!
Parabéns pela sua indignação. Espero que outros portugueses se unam a você.

Beth/Lilás disse...

Isabel,
Acho que este problema do seu país e do meu são de origem genética. hehe
Por aqui também vemos prédios belíssimos abandonados e ninguém se mexe.
Uma pena! E Portugal então tem cada prédio incrível!
Estimo que esta situação mude para que as próximas gerações tenham uma identidade forte e bem formada.
beijos cariocas

ameixa seca disse...

Aqui só há espaço para homenagear charlatães, pedófilos, assassinos, corruptos e ladrões!