Há coisas que acontecem neste país com as quais não me conformo nem nunca me vou conformar. Uma delas é esta: o estado de degradação em que se encontra hoje a Casa do Passal, 5 anos depois de ter sido classificada como monumento nacional.
Para quem não sabe, a Casa do Passal foi a residência de Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em Bordéus, que durante a ocupação da França pela Alemanha ajudou milhares de judeus a fugir da perseguição de Hitler.
Não preciso de dizer que sou grande admiradora da figura de Aristides de Sousa Mendes, um homem que desafiou ordens superiores e concedeu 30 mil vistos a judeus de várias partes da Europa, que assim usaram Portugal como porta de saída do terror e entrada na esperança de uma vida longe de perseguições. Ainda hoje há pessoas que não esquecem o que este homem fez pelas suas famílias e sabem que é graças a ele que estão vivos.
E o que é que Portugal faz? Deixa cair a casa que este homem construiu na sua terra natal e onde passou grande parte da sua vida. Deixa cair um edifício que é monumento nacional. Que bela forma de homenagear a grandeza deste português, não acham?
A casa situa-se em Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal, Viseu, numa região linda, que eu adoro, berço da minha mãe e de toda a minha família materna.
Eu gostaria de vê-la restaurada, como casa-museu, para relembrar e homenagear o seu nobre habitante. Será que algum dia vou ver isso? Infelizmente, não me parece que isso vá acontecer.
5 comentários:
Isabel,
Essa falta de atuação é muito triste, pois é lastimável ver um monumento degradar-se.
Já que o poder público não faz sua parte, será que não existiriam homens ligados à cultura, ou homens de negócios, que encabeçassem uma campanha para a restauração necessária?
Beijo.
Já seria mau se fosse a casa de um qualquer cidadão anónimo, assim o caso atinge proporções muito mais graves. É mais uma daquelas situações de que temos que nos envergonhar.
Desperdiça-se tanto dinheiro neste país... e como é que não há dinheiro para isto?
Pelos vistos classificar como monumento nacional é apenas para aliviar a consciência, porque depois na prática nada é feito para preservar este e outros edifícios que estão por esse país fora...
"Heróis do mar, nobre povo, nação valente... " - hoje a Carol teve que levar o hino sabido na ponta da língua, para a ficha de Estudo do Meio. É uma pena que aquela letra esteja tão afastada da realidade. O antigo "esplendor de Portugal" anda pelas ruas da amargura...
Uma das coisas que pode fazer tudo mudar é a obstinação dos homens.
O nosso comprometimento pode,tenho esperança,aletar as autoridades sobre o nosso descontentamento com a situação de descaso. Às vezes, aqui no Brasil, são tantas as causas, são tantas as coisas a denunciar, que desanimo...
Mas acho a internet uma ferramenta muito poderosa, através dela vários pensamentos podem se encontrar, forças podem se unir!
Parabéns pela sua indignação. Espero que outros portugueses se unam a você.
Isabel,
Acho que este problema do seu país e do meu são de origem genética. hehe
Por aqui também vemos prédios belíssimos abandonados e ninguém se mexe.
Uma pena! E Portugal então tem cada prédio incrível!
Estimo que esta situação mude para que as próximas gerações tenham uma identidade forte e bem formada.
beijos cariocas
Aqui só há espaço para homenagear charlatães, pedófilos, assassinos, corruptos e ladrões!
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