domingo, 17 de outubro de 2010

The Portrait of a Lady

The Portrait of a Lady de Henry James, sem dúvida um dos meus livros preferidos de sempre, já teve várias adaptações cinematográficas, mas eu nunca tinha visto nenhuma. Quando gostamos muito de um livro há sempre aquele receio de que a versão em cinema nos vá decepcionar. Seria impossível passar para cinema a excelência da escrita de Henry James, a minúcia descritiva, os deliciosos diálogos.


Por isso esperei tanto tempo para ver a versão de Jane Campion. Eu adoro Jane Campion, mas pensava sempre "será que ela conseguiu?".


Não devia ter esperado tanto tempo: o filme é maravilhoso. Jane Campion com a sua enorme sensibilidade e a sua perícia para captar as mais belas imagens oferece-nos um espectáculo deslumbrante do princípio ao fim.


Falo sempre no título em inglês, porque li o livro em inglês e também porque prefiro a sua sonoridade ao português "Retrato de uma Senhora". Esta senhora, é Isabel Archer, uma jovem americana que depois de perder os pais vai para Inglaterra viver com uma tia.

Ralph, primo de Isabel, apaixonado por ela, mas sabendo que nunca poderá tê-la devido à sua frágil saúde, convence o seu pai a deixar uma grande fortuna a Isabel. Ralph quer saber o que esta mulher intrigante e com coragem para recusar a proposta de casamento de Lord Warburton, fará da sua vida se tiver liberdade para a viver como quiser, ou seja, se tiver dinheiro. O que Ralph não pensou foi que deixaria a sua inteligente, mas inocente prima à mercê de pessoas fascinantes, mas sem um pingo de integridade.

O retrato de Isabel Archer é tão bem traçado por Jane Campion como pelo próprio Henry James. O retrato de uma mulher independente e inquieta, com uma enorme ânsia de conhecer o mundo, de viver a vida de forma intensa e profunda, que não quer cumprir as regras apenas porque tem que ser, que se sente capaz de ditar as suas próprias regras. O retrato de uma mulher que quer mais e mais, mas cuja inocência e pureza a tornam uma preza fácil para os manipuladores deste mundo e que acaba aprisionada num casamento infeliz com um homem maquiavélico.

No fundo um retrato dos seus desejos, das suas dúvidas, das suas forças e das suas fragilidades.

Na minha humilde opinião *****

3 comentários:

Dani disse...

Mais uma sugestão anotada ;-) Não li o livro, não vi o filme: vou baixar o arquivo do livro e alugar o DVD. Para esses dias ;-) Estou meio atarantada com tudo, mas vou colocar na lista para tempos mais calminhos.
Com os filmes que há hoje em dia, temos de voltar um pouquinho no tempo para coisas assim.
Beijos!

Isabel disse...

Pois é Dani, agora a maioria dos filmes são do tipo usar e deitar fora, fast food para o cérebro. Vale a pena voltar um pouquinho no tempo. Demoro muito para ver certos filmes, mas uma obra prima é intemporal, podemos ver em qualquer altura e é sempre maravilhoso. Este é de 1996.
Bjs

ameixa seca disse...

Nem li um nem vi outro mas fiquei curiosa :)