sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

1 aninho

Se não fosse a minha irmã, nem me lembrava que comecei a escrever neste blog faz hoje um ano. Passou muito depressa este ano. Foi um ano de luta. Um ano de avanços e recuos. Um ano a desabafar estados de alma, a falar sobre as coisas que me interessam, que me encantam, mas principalmente um ano em que conheci amigos virtuais que têm enriquecido a minha vida. A todos vocês, obrigada por existirem e por aparecerem por aqui.

Não sei quanto tempo este blog existirá. Neste momento funciona um pouco como um escape criativo. Um espaço que vou construindo devagarinho, um work in progress, sobre tudo e sobre nada, mas que é meu. Meu e de todos vocês.
Obrigada

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Aventuras no mundo dos muffins


Comprei um livrinho sobre Muffins da colecção Le Cordon Bleu. São tão lindinhos estes livros que dá vontade de começar logo a cozinhar. As receitas são apresentadas em fotografias com uma estética romântica que eu acho muito charmosa: loiças antigas, toalhas de linho, madeiras, os ingredientes em recipientes lindos, coisas velhas. Mesmo como eu gosto.

Os muffins são bolinhos que fazem parte da tradição anglo-saxónica. São do género dos nossos queques, mas com algumas diferenças na confecção. Uma característica positiva dos muffins é que existem imensas possibilidades de combinação de ingredientes. Gostei tanto das receitas que fiquei com vontade de experimentar.
No dia de Carnaval acordei bem cedinho. Lá fora o sol batia na varanda e os passarinhos cantavam alegres à volta das árvores dos quintais. O resto do pessoal estava ainda todo a dormir e eu no silêncio da cozinha. Hum... O ambiente perfeito para cozinhar. Comecei então a peneirar as farinhas e a preparar todos os ingredientes para fazer a receita de muffins de maçãs verdes.

Mas o silêncio durou pouco. O pessoal acordou cheio de fome e eu deixei tudo em stand by até poder ter a cozinha livre outra vez. O resto da receita foi feito com a ajuda da minha irmã e da minha sobrinha que revela um gosto precoce para a culinária. Desde os 4/5 anos que adora pôr a mão na massa!

Eu gosto de seguir as receitas comme il faut (não liguem, hoje deu-me para os estrangeirismos) porque quando invento, a coisa nem sempre corre bem. Tinha todos os ingredientes em casa por isso foi só seguir as instruções. Eu sei que muita gente tem estes livrinhos maravilhosos Le Cordon Bleu, mas para quem não tem aqui fica a receita:

Muffins de Maçãs Verdes

Ingredientes

225 g de farinha com fermento (auto-levedante)
150 g de farinha sem fermento
1 1/2 colheres de chá de fermento em pó
2 colheres de chá de canela em pó
1 colher de chá de noz-moscada (coloquei só uma pitadinha)
3 colheres de sopa de açúcar granulado fino
155 g de manteiga sem sal
3 colheres de sopa de mel
2 ovos
170 ml de leite
3 maçãs verdes cortadas em pedaços pequenos
1 colher de chá de canela para polvilhar
2 colheres de açúcar granulado fino para polvilhar

Preparação:

1 - Pré-aqueça o forno a 200ºC (Gás 6). Unte um tabuleiro para seis muffins grandes (250ml) ou doze muffins normais com manteiga derretida. Peneire as farinhas, fermento, canela, noz-moscada e açúcar para dentro de uma tigela grande e faça uma cova no meio.

2 - Num tacho pequeno derreta a manteiga e o mel sobre lume brando, maxendo sempre, até obter um líquido homogéneo. Retire do lume. Bata os ovos com o leite.

3 - Deite de uma só vez a mistura de manteiga e mel, a mistura de leite e ovos, e os pedacinhos de maçã na cova que fez nos ingredientes secos. Mexa com uma colher de metal até os ingredientes estarem combinados. Não mexa demasiado - a mistura deverá ficar com grumos.

4 - Encha as forminhas até cerca de três quartos. Polvilhe com o açúcar misturado com a canela e leve cerca de 20-25 minutos ao forno ou até que um palito introduzido no centro do muffin saia limpo. Deixe repousar na forma durante 10 minutos antes de os retirar para uma rede para arrefecer.

Como não tinha formas de muffin, fiz numas mais pequenas, por isso os muffins ficaram mini-muffins, kkkkkk... (adoro este risinho à Scooby Doo!)

Gostei do resultado porque não ficaram muito doces, ficaram ótimos, com aquele saborzinho combinado da maçã e da canela. Uma delícia. Acho que, se voltar a fazê-los, vou cortar os pedacinhos de maçã ainda mais pequeninos e, claro, usar formas de muffin.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

And the Oscar goes to...

... Penélope Cruz, pelo melhor vestido da noite.
Kkkkkkkk...
Agora a sério, eu torcia por " O estranho Caso de Benjamin Button", mas "Quem quer ser bilionário?" também é um grande filme. Acho que o Oscar foi muito bem entregue ao filme e ao realizador. Kate Winslet também estava excelente no filme " O Leitor", por isso a sua estatueta dourada também foi bem entregue. E a nossa vizinha Penélope, para além do prémio dado por mim para a mais bem vestida da noite também ganhou o seu oscarzito de melhor atriz secundária! Bravo.
E que vestido, meu deus, que vestido!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A Tupi em mim


Desde sempre que tenho um fascínio enorme pelos povos indígenas do continente americano. Da mais complexa civilização Maia até às tribos mais simples das quais pouco sabemos. Quando era adolescente devorava os livros de história universal que havia lá por casa e lia fascinada sobre as civilizações Maia, Inca e Azteca. Para além desta civilizações complexas, também sempre amei as simples tribos que viviam em sintonia com a natureza. Sempre senti muito a tragédia destes povos, das pessoas que viviam na sua terra e que foram obrigadas a mudar por causa de povos estranhos, que chegaram ali e se sentiram no direito de tomar aquela terra para si e mudar tudo. Os índios foram perseguidos, foram escravizados, foram mortos. Os que resistiram foram forçados a mudar a sua cultura, a sua religião, o seu modo de vida. Como estes povos não tinham registos escritos, muito se perdeu da sua cultura. Tem sido sempre com dificuldade que os índios têm sobrevivido depois disso.



Muitas vezes as pessoas me ouviram dizer: "Eu queria ser índia, eu queria viver na Amazónia, no meio dos bichos, não saber que existia o resto do mundo e não querer mais nada a não ser viver." Sim, porque nós hoje queremos demais, sonhamos demais, sabemos demais. Temos demasiada informação e mesmo assim, sabemos sempre que não é suficiente. Vivemos angustiados porque não sabemos viver felizes com aquilo que temos. Hoje acordei assim, nostálgica de tempos que não vivi, de lugares que nunca vi, mas que adivinho como tempos de vida pura e verdadeira. Vidas que se sabiam completas, porque não havia mais nada para desejar ou querer. Aquilo era a sua vida e aquilo era tudo. Pés no chão, corpo na água fresca do riacho, fruta colhida na hora em que se sentia fome.

Resolvi então fazer a minha pequena homenagem aos índios, falando sobre a sua contribuição para aumentar a riqueza da língua portuguesa. No Brasil existiam inúmeras línguas índias, mas os especialistas juntaram-nas em dois grandes grupos: o Tupi e o Macro-Jê, sendo o ramo Tupi o que mais influenciou o português. Como é natural a língua tupi influenciou mais a variante brasileira da nossa língua do que a nossa, mas é maravilhoso como algumas palavras cá chegaram e fazem parte da linguagem corrente.

Sabiá

As palavras de origem tupi estão muito presentes na toponímia brasileira. Muitos estados brasileiros têm nome de origem índia, como Amapá, Ceará, Pará, Paraíba, Pernambuco e Piauí. Para além dos estados, muitas cidades têm também nome de origem índia. A influência tupi também foi muito importante na designação dos animais e das plantas. Muitos animais existentes no Brasil mantiveram o seu nome índio, como Capivara, Gambá, Jararaca, Sucuri e Sabiá. Muitos nomes são bem conhecidos dos portugueses também, como Arara, Jacaré, Jaguar e Jibóia. Em relação à flora existem também muitos exemplos de nomes índios ou de origem índia como Abacaxi, Açaí, Ananás, Caju, Ipê, Jaca e Pitomba. Também adorei descobrir que uma das minhas árvores preferidas, o Jacarandá, que enche as ruas de Lisboa de côr no início da Primavera tem nome Tupi. Fiquei a gostar ainda mais de Jacarandás.
Faltou falar da comida e das influências índias nessa área. Mas quem não conhece a farinha de mandioca e a tapioca? Quantos pratos não levam esses ingredientes?E há ainda a Paçoca,
um prato de origem índigena feito à base de farinha de mandioca e carne seca. Será bom? Deixo a pergunta às amigas virtuais brasileiras.
Há ainda palavras de origem índia que chegaram à língua portuguesa não por via Tupi, mas sim por via Aruaque, tais como batata, canibal, canoa, iguana e tabaco. Todas estas informações linguísticas foram retiradas daqui.

Hoje acordei Tupi... vou ali tomar um banho no riacho e já volto...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O Leitor

Tem sido uma verdadeira maratona cinematográfica nestes últimos dois meses. Durante os anos em que estive na faculdade e a trabalhar em simultâneo estive quase 4 anos sem ir ao cinema. Agora pude finalmente voltar ao vício e tirar a barriga de misérias! Desta vez fui ver mais um filme candidato ao Oscar. E que filme! Saí do cinema cheia. Cheia de emoções fortes, cheia de imagens belas, cheia de pensamentos contraditórios. Não é só mais um filme sobre o Holocausto. Não que eu ache que esse tema alguma vez possa ficar esgotado, quando ainda hoje muita gente continua a negá-lo. Mas é uma visão um pouco diferente das que tenho visto no cinema porque aborda o pós-guerra e não a guerra em si. A acção decorre entre 1958 e 1995. Quando tudo começa nem nos lembramos da 2ª Guerra Mundial, estamos em 1958 e a vida decorre com normalidade na Alemanha. Normalidade aparente, claro. A guerra acabou, mas não acabaram as suas marcas e principalmente não desapareceram os que a perpetraram. Hitler morreu, e os outros? E todos os outros que "trabalhavam" nas SS? E toda uma população que aderiu à guerra, a Hitler, à sua doutrina? Eles continuam lá. Mas em 58, ainda não se remexia o passado. Só mais tarde o povo alemão começa a pôr o dedo na ferida e a fazer a catarse de tudo o que aconteceu. Catarse, que aliás, na minha opinião, foi muito bem feita; ninguém pode acusar os alemães de terem tentado varrer o Holocausto para debaixo do tapete.
Mas em 58 uma antiga funcionária das SS, Hanna, podia ainda ter uma vida relativamente normal e viver uma história de amor com um inexperiente, mas marcante menino de 15 anos, Michael. Ele lê para ela, sem nunca descobrir que ela lhe pede para ler alto porque ela própria não sabe ler. Um dia ela parte sem deixar rasto. Michael volta a encontrar Hanna quando já sopram ventos de mudança e existe na Alemanha uma grande vontade de fazer justiça. Michael está agora na faculdade a tirar o seu curso de direito. Um dia vai com o seu professor acompanhar o julgamento de 6 ex-funcionárias das SS e Hanna está entre elas.
Este filme levanta muitas questões interessantes, mas para mim a questão fundamental é esta: na cabeça de Hanna, ela estava apenas a trabalhar, estava apenas a cumprir a missão que lhe tinham dado. Até ao julgamento e à condenação, ela não tinha pensado no passado, nem questionado a sua participação no horror. Ou seja, era mesmo preciso falar até à exaustão sobre tudo aquilo, era mesmo preciso por o dedo na ferida para que toda uma nação constatasse o horror e conseguisse depois seguir em frente. Um filme verdadeiramente notável. Tanto Kate Winslet, como o jovem actor alemão David Kross estão magníficos nos seus desempenhos.
Para não variar chorei, mas desta vez não fui a única na sala.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Na minha varanda


Não sei se são flores de Inverno ou se já estão a anunciar a Primavera, mas o que é certo é que, quando me levanto vou espreitar as minhas plantinhas e já fico mais animada.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Eu quero açúcar!!!


De tanto andar a espreitar blogs de culinária, ando com uma gula doida. Neste momento estou com um desejo louco de comer uma Torta de Azeitão! Eu sei que isto não interessa a ninguém, mas tive que desabafar:) E que lugar melhor para desabafar do que um blog?

Nota: A foto foi retirada do site Sabores de Azeitão

Quem quer ser milionário?

Nunca tinha visto nenhum filme de Danny Boyle, nem sequer o famoso Trainspotting, mas com este fiquei impressionada. Fantástica a forma como o realizador mostra a vida do personagem principal através de uma série de flashbacks a momentos específicos; os momentos em que ele ficou a saber as respostas às perguntas do concurso. Achei o filme muito inovador. Com um realismo demolidor, mas ao mesmo tempo com uma grande nota de esperança e de sonho. É ao mesmo tempo um soco no estômago e um afago ao espírito. Um retrato da vida difícil da população pobre da Índia, de uma vida inumana nas slums, gigantescos bairros de lata ao lado de gigantescas lixeiras onde as pessoas procuram coisas para vender e assim conseguir comida para viver mais um dia. O retrato de um menino que não perdeu a esperança nem a integridade no meio de tanta desgraça.
Outra coisa interessante, para além das imensas diferenças entre a Índia e Portugal, (ou melhor entre a Índia e o resto do mundo porque a Índia é um mundo à parte), a familiaridade que temos com o concurso, que passou aqui como deve ter passado em todo o lado, dá-nos a sensação de que afinal vivemos numa aldeia, a tal aldeia global. A experiência de ver este filme vale mesmo a pena e no final compreendemos o porquê de tantos prémios.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Algumas coisas sobre mim

Recebi um desafio da Cláudia, do blogue Sabor Saudade, que consiste em contar aqui seis coisas aleatórias sobre mim. Aceitei por duas razões, primeiro porque adoro a Cláudia, uma brasileira do Rio de Janeiro, que vive neste momento na Noruega, uma mulher com extremo bom gosto, inteligente, culta e com blogues interessantíssimos. Segundo, porque achei o desafio um verdadeiro desafio para mim. Falar sobre mim, nem sempre é fácil, mas aqui vai.


- Desde sempre que adoro a natureza e que sinto um enorme respeito por ela. No liceu fiquei deslumbrada com os poemas de Alberto Caeiro, descobri o Panteísmo e apaixonei-me por ele. Na faculdade descobri os poetas românticos ingleses e a sua contemplação da natureza, mais uma vez apaixonei-me. Amo o Planeta Terra, os rios, os mares, os campos verdejantes, as flores, o sol, a chuva, o arco-íris, tudo. Amo o maravilhoso equilíbrio da natureza que neste momento está um pouco frágil. Sou muito nostálgica dos tempos em que Homem e Natureza viviam em perfeita comunhão, como acontecia no continente americano antes da chegada dos Europeus. Eu não sou radical ao ponto de querer voltar para trás. Não nego de maneira nenhuma as comodidades da vida moderna, nem todas as coisas que os homens criaram com o seu engenho e arte para que a vida se tornasse mais fácil. Mas neste momento acho que é essencial pensar no que queremos para este planeta. Temos que arranjar maneira de conciliar as necessidades do Homem e da Natureza, porque dependemos um do outro. O Homem não sobreviverá se destruir a Natureza. Neste momento eu gostava que os cientistas pesquisassem novas indústrias não poluentes, que dessem trabalho às populações carenciadas sem destruir a natureza, novas formas de um desenvolvimento sustentável para este nosso mundo.

Peak District National Park, site Pictures of England

- Uma coisa que eu prezo acima de tudo é o respeito pelo outro, o respeito pela diferença do outro, a tentativa de compreender o outro, tentar não julgar precipitadamente, tentar evitar o preconceito. Acho que assim se evita tanta complicação!

Setembro, 1945, arquivos fotográficos revista LIFE

- Uma coisa muito importante a meu respeito é o meu amor pela minha cidade, Lisboa. Eu adoro o céu completamente azul de um dia de sol lisboeta, as fachadas coloridas dos prédios batidas pelo sol do final da tarde e as torres brancas das igrejas a brilhar à luz incandescente do sol do meio-dia. Eu adoro viajar, mas gosto ainda mais de voltar para casa e a minha casa é Lisboa.

Vista do Elevador de Stª Justa
Vista do Miradouro de Stª Luzia

-Uma coisa que me faltou durante muito tempo e cuja importância só descobri recentemente, é a auto-estima. Agora eu percebo o quanto é importante amarmo-nos a nós próprios. Termos respeito por quem somos. Como amar o outro se não nos amamos a nós próprios? É impossível. Muitas pessoas confundem auto-estima com egoísmo ou egocentrismo, mas não tem nada a ver com isso. Tem a ver com dignidade. Reconhecer a sua própria dignidade e o seu próprio valor é reconhecer que todos temos o potencial em nós para ser digno, válido, útil.

Menina havaina, arquivos fotográficos da revista LIFE

- No fundo o que me tem salvado durante a minha vida é o meu sentido de humor. A minha psi diz-me que eu tenho uma enorme lucidez e que é essa capacidade de ver as minhas falhas e rir delas que me salva. Rio imenso de mim e com os outros. Gosto de usar a ironia, o que muita gente não percebe à primeira, mas eu também não gosto de explicar. Quem não percebeu, não percebeu, paciência. Adoro Woody Allen porque ele também ri dele, e de todos nós, nos seus filmes e sempre com muita ironia. Annie Hall é um dos meus filmes favoritos de Woody Allen e para mim é de morrer a rir. Rir de nós próprios é muito saudável. Eu aconselho: não se levem tão a sério, aprendam a rir de vocês próprios. Os problemas ganham outra perspectiva.

Annie Hall, Woody Allen

- Apesar do meu sentido de humor há ocasiões em que parece que eu não consigo deixar de verter uma lágrima. Pois é, tenho que confessar que me farto de chorar nos filmes. Não em todos os filmes, claro, mas é raro o filme em que uma gotinha não escorre pelo meu rosto. Olho para os lados e vejo rostos sequinhos, nem sequer um brilhozinho nos olhos, nada. Antes apressava-me a limpar os olhos para não ser gozada, mas agora assumi esta minha característica. Eu choro no cinema e pronto. Um dos filmes que mais me fizeram chorar foi o filme indiano Água. Já falei aqui sobre ele e sobre o mar de lágrimas a que ele deu origem. Mas o filme que mais me fez chorar em toda a minha vida foi The Straight Story, de David Lynch, que por acaso é um dos meus filmes preferidos. Tudo me emocionou, a história, o maravilhosamente expressivo rosto do actor, as imagens lindas da América profunda, alguns acordes de música. Chorei tanto, mas tanto que gastei um pacote inteiro de lenços de papel. Ao meu lado, nada. Acho que fui a única no cinema a fazer aquela figura.

The Straight Story, David Lynch


O que é que eu disse no início? Que era difícil falar sobre mim? Afinal parece que não é assim tão difícil, senão não escrevia tanto. Eu pensei em passar o desafio a algumas pessoas, mas acabei por decidir não passar a ninguém, pois tenho a impressão que muitos amigos já o fizeram. Se ainda não fizeram e quiserem fazer, sintam-se desafiados por mim.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A Duquesa de Devonshire

Georgiana, Duquesa de Devonshire, Séc.XVIII

Depois de uns dias complicados, consegui, no Domingo, abrir os olhos de novo para a vida e para o mundo.
Eu tenho andado um bocadinho em baixo, (não sei se alguém reparou?) Estive muito doente, durante muito tempo. Quase há um ano que estou num processo de cura, mas no último mês tenho sentido alguns retrocessos. Nada que me deite completamente abaixo, porque eu nunca perco a esperança. Mas o ânimo às vezes foge das minhas mãos como areia a escorregar por entre os dedos. Para além de tudo a minha mãe está com problemas cardíacos e a falta de saúde das pessoas que eu amo desequilibra-me bastante. Por tudo isto tive uns dias difíceis, mas está a melhorar.
Bem, mas este post não é sobre mim. É sobre o filme que fui ver no Domingo à tarde, A Duquesa.
Para quem não sabe, o filme conta a história da Duquesa de Devonshire, personagem histórica da Inglaterra da segunda metade do séc. XVIII. Gostei muito do filme, gosto de filmes baseados em personagens históricas e este é muito bom. Visualmente muito bonito, com as lindas paisagens do countryside inglês, a perfeita caracterização da época e os lindos rostos dos protagonistas. Acho que exageraram um pouquinho nos grandes planos de Keira Knightley, que todos sabemos que é lindíssima, mas não exagerem. (Depois de ver tanto o rosto dela a encher o ecrã, saí do cinema a pensar que era a própria Keira!!! Depressa voltei à realidade!) E uns dos meus actores britânicos preferidos, Ralph Fiennes, excelente na pele dum fleumático aristocrata inglês que ligava mais aos seus cães do que à sua própria mulher. Pobre Georgiana, que casou aos 17 anos com um homem que não se interessava por nada, muito menos por ela. Aliás na época dizia-se que todos amavam a Duquesa de Devonshire menos o seu marido. Amava-a também Charles Grey futuro primeiro-ministro de Inglaterra, mas nesse tempo apenas um político promissor. Georgiana amava-o também e teve uma filha dele, da qual teve que abdicar, para não ter que abdicar dos quatro filhos que tinha de seu marido. Para variar chorei, precisamente na cena em que ela tem que entregar a recém-nascida à família do pai. Fiquei muito interessada nesta personagem histórica e vou tentar saber mais.
Nota: Fiquei tão farta do rosto de Keira Knightley que resolvi pôr uma imagem da verdadeira duquesa.