sexta-feira, 29 de maio de 2009

O meu bairro e alguns desabafos

Meus amigos, tenho andado muito cansada, atolada em trabalho e em sentimentos nem sempre muitos positivos. O trabalho é muito e mal pago e o cansaço deixa-me em baixo. Tudo isto acompanhado com uma falta de ânimo geral. Felizmente amanhã é sábado e, se tudo correr bem, a areia da praia espera-me para uns revigorantes banhos de sol.
Já há algum tempo que vos queria mostrar um bocadinho do meu bairro, o meu mundinho. Tenho andado a adiar porque a inspiração para fazer o post que ele merece não tem aparecido. Mas quando não temos bom, temos assim, assim, e aqui vai.



Este bocadinho do mundo presencia os meus dias bons e os meus dias maus. Estes prédios vêem-me passar, ou com um sorriso no rosto e com ânimo no coração ou arrastando os passos e de cabeça baixa conforme os dias, as horas, os minutos da minha vida.




Não são só as portas de Dublin que são charmosas, as lisboetas também têm os seu encantos e delas saem pessoas que às vezes ficamos felizes por encontrar, outras a quem nos limitamos a dizer bom dia, outras que pedíamos a Deus para não ver mas que insistem em aparecer na nossa vida, mesmo que nós não queiramos. Algumas portas conheço tão bem, que reconheço o som do trinco, do bater da porta, aquele som que me causa um estremecer na espinha de medo. Eu já tinha deixado de sentir medo, mas ele é terrível e volta sempre que encontra uma brechinha pequenina. O medo de tudo. O medo da vida.


No meu bairro há gatinhos à janela a apanharem sol e a ver as vistas. No meu bairro há pessoas felizes. Eu também sou uma delas na maioria dos meus dias, mas existem aqueles dias que deitam tudo a perder. Quando tudo parece estar contra nós, quando o cansaço nos retira qualquer força do corpo ou do espírito, quando estamos tão à flôr da pele que choramos sem parar por saber que a Izzie de Anatomia de Grey tem cancro. Quando as abomináveis injustiças da "justiça" portuguesa nos fazem ter nojo dos nossos juízes. Quando o mundo parece desabar, apesar de tudo continuar como antes no meu bairro.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Como a blogosfera mudou um bocadinho a minha vida I

Um dos aspectos que o meu contacto com a blogosfera me trouxe foi um interesse muito maior por culinária. Até alguns anos atrás eu não me interessava minimamente por comida, comer era só aquele acto que eu tinha que fazer para sobreviver. Fazer, então, não era comigo de maneira nenhuma. O meu sonho costumava ser encontrar alguém que quisesse ir comer fora todos os dias!!!!

Depois comecei a gostar de comer, mas fazer é que não. Continuava a fugir da cozinha. Tudo isso começou a mudar, lentamente, desde que a minha irmã me chamou a atenção para alguns blogs de culinária e não só, que mudaram completamente a minha forma de ver a comida. E agora eu acho que, se continuo assim, qualquer dia estou uma verdadeira gourmet, lol.


Um dos primeiros blogs brasileiros que eu conheci foi o Bistrô Pimenta, cujo lema é:"Porque esta vida tem mais graça quando se é gourmet... e viajante!". Viajante, eu sempre fui. Sempre amei passear no estrangeiro e aqui, no meu cantinho, que me gabo de conhecer de norte a sul (só não conheço as ilhas, mas quero muito conhecer), e para mim viajar sempre foi um aspecto importantíssimo na minha vida. Agora gourmet, eu comecei a ficar devagarinho. O blog Bistrô Pimenta é lindo, dá sugestões de viagens e de hotéis e restaurantes maravilhosos no Brasil e um pouco por todo o mundo. De vez em quando também dá algumas receitas e a primeira receita que eu fiz retirada de um blogue foi uma receita do Bistrô.

A Luciana, a autora do blog, falava de um hotel "descolado", a Maison Joly, em Ilhabela, SP, e dos maravilhosos pequenos almoços que aí se serviam. Uma dessas maravilhas era um bolinho de laranja muito apetitoso que eu fiquei com vontade de comer e, mais surpreendente ainda, de fazer. Já fiz duas vezes e ficou sempre muito bom. Eu fiz algumas adaptações à receita original, mas se quiserem ver, está aqui.

Ingredientes:

duas laranjas
4 ovos inteiros
1/2 chávena de óleo
2 chávenas de farinha
2 chávenas de açúcar
1 colher de chá de fermento

Modo de fazer:
Bata bem no liquidificador os ovos, o óleo, as laranjas descascadas e sem as sementes. À parte, misture os ingredientes secos. Acrescente a essa mistura o creme que já foi batido no liquidificador. Misture bem e leve ao forno, até dourar, em forminhas untadas com manteiga.

Calda:
Leve ao lume 1 copo de sumo de laranja, 1 colher de sopa de manteiga sem sal e 3 colheres de açúcar. Deixe ferver até ficar em ponto de óleo e coloque por cima do bolo, ainda quente.

Da primeira vez fiz com calda e ficou maravilhosa, desta segunda vez estava mais preguiçosa e não fiz a calda, mas ficaram deliciosos na mesma.
Estes bolinhos são ótimos para começar a entrar na arte de fazer doces, porque é a coisa mais fácil do mundo. Quem tiver medo de cozinhas e de fogões, pode começar por aqui. Resultou comigo. Adoro este tipo de receita simples e prática que dá para fazer num instante e dá sempre certo. Vai um bolinho de laranja?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Guerras de alecrim e...rosmaninho

Que confusão que vai nas traduções televisivas entre alecrim e rosmaninho. No programa do Jamie Oliver que dá na Sic Mulher, aquele em que ele vai directamente à sua horta buscar os legumes e as ervas aromáticas, traduzem alecrim por rosmaninho, quando não tem nada a ver uma coisa com a outra. Já estou a ver as mulheres portuguesas a pôr rosmaninho nos seus cozinhados só porque o Oliver põe!!!! PÁRA TUDO... corrigindo o preconceito... as mulheres e os homens portugueses, CLARO. (O preconceito é terrível, às vezes nem damos por ele!)
Pois é, eu gosto muito do programa, mas não gosto nada desta tradução. Então para esclarecer esta dúvida aqui estão as duas espécies:

Alecrim em flor
Alecrim

O alecrim é muito utilizado na culinária mediterrânica e é esta erva que o Oliver utiliza nos seus cozinhados.

Flor de rosmaninho

Rosmaninho

O rosmaninho, aqui em Portugal é tradicionalmente associado às procissões. Aqui em Lisboa, na Procissão de Nossa Sra da Saúde, vêm carros cheios de rosmaninho para dar às populações. E é assim em muitas aldeias por este país fora. É também uma erva tradicionalmente utilizada para perfumar as gavetas. Fazem-se saquinhos com rosmaninho, tal como se fazem com alfazema, para pôr nas gavetas. Agora, na culinária, que eu saiba, não se utiliza.

E mesmo que se utilize, quando o Oliver diz para pôr rosemary na comida o que ele quer dizer é alecrim e não rosmaninho.

Felizmente são duas plantas abundantes na natureza no nosso país e eu tenho um vasinho de alecrim na minha varanda e sirvo-me dele de vez em quando. Principalmente depois que descobri que faz muito bem à memória e ao funcionamento do cérebro em geral. É que eu estou mesmo a precisar!

Nota: O título remete para a peça de Gil Vicente " Guerras de Alecrim e Manjerona".

sábado, 16 de maio de 2009

Eurofestival da Canção

Devo dizer que já há muitos anos que não acompanhava o festival europeu da canção. É claro que já não tem a graça que tinha quando eu era criança e vibrava com todo o ritual de votação. Mas desta vez, fiquei em frente à televisão a ver quase tudo. Não sei o que me deu, juro. Detesto várias coisas no festival de hoje em dia. Primeiro de tudo a quase geral falta de gosto, músicas terríveis, vestidos horríveis, coreografias de fugir, uma foleirice pegada. Depois o que mais me irrita é que todos os países cantam em inglês e que a grande maioria das canções para além da língua inglesa adopta também um estilo de música pop anglo-saxónico muito redutor. É isto a Europa? A língua oficial da europa é o inglês? O estilo de música típico da europa é a pop anglo-saxónica? Onde está a riqueza da diversidade europeia? Tirando Portugal, Espanha, a Rússia e a Estónia, creio que todos os outros países cantaram em inglês. Músicas sem quase nenhuma personalidade ou com pouco a ver com o país que representam. Pronto, eu sei que cada um canta em que língua quiser e o que quiser, mas assim eu acho que não tem graça. A minha canção preferida era a da Estónia, uma música muito bonita, cantada na língua do país e a portuguesa também achei muito bonitinha, mas ficaram no meio da tabela, não é? Olha, já não foi mau.
Felizmente ainda existe um pouco de bom senso e a canção vencedora era boa e escapava à banalidade quase geral. O rapazito cantava muito bem, a música era gira e os instrumentos de cordas davam um toque especial (e talvez étnico, não sei) mas eu pergunto: a língua norueguesa será assim tão pouco musical que não pudesse ser ouvida pelo resto da Europa? Porquê o inglês? Porquê? Expliquem-me. Não me entendam mal, eu adoro a língua inglesa, amo de paixão, é a minha segunda língua, a minha língua de trabalho, mas fico irritada com esta colonização linguística do festival. Seria muito mais interessante se cada país desse a conhecer a sua língua e a sua cultura ao resto da Europa, não?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

D. Carlos

O que é que acham do aspecto destes bolinhos?

Eu acho que são muito apetitosos. Só tenho pena de ainda não ter provado! Estes são os novos doces de Cascais, chamados D. Carlos em homenagem ao rei que muito ajudou a impulsionar o desenvolvimento da localidade.

A Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, organizou um concurso entre os seus finalistas do curso de pastelaria, para criar um doce regional para Cascais. A vencedora, e criadora deste bolinho aqui apresentado, foi Natália Pessoa, de 21 anos, qua vai agora estagiar três meses no Hotel Palácio no Estoril. Natália criou um doce constituído por batata doce, batata roxa, leite condensado e especiarias. Pensando na figura e na época de D. Carlos, Natália pensou num doce com poucas calorias, porque o rei era diabético e tentou utilizar uma maioria de ingredientes utilizados na época. "É um pequeno doce para um lanche ou para acompanhar o chá", explica. O juri avaliou a apresentação, o sabor e a adequação à vivência na época do rei D. Carlos.

Natália Pessoa

Quem vê o doce pensa num doce tracicional português com muitas gemas, não é? Mas afinal os ingredientes são totalmente inesperados. Estou mesmo muito curiosa para provar. A próxima vez que for a Cascais vou já procurar por este D. Carlos! Espero que já estejam a ser comercializados.

Cascais

sábado, 9 de maio de 2009

Pedi tanto, mas tanto...

... que os textos que estou a traduzir finalmente começaram a ficar interessantes. Assim, trabalho com mais prazer, mais ânimo, coisa que me tem faltado um pouco ultimamente. Querem ver o que eu ando a traduzir? Não? Fica aqui um excerto na mesma:

"No relato ficcional de Kingsolver (1998) de como uma rapariga americana vê o corpo dos congoleses, vislumbramos como estes processos ocorrem através das nossas interacções sociais da vida quotidiana.
Ruth May, a personagem de Kingsolver é a jovem filha de um missionário americano que leva a sua família inteira para África nos anos 60. Recentemente chegada à cidade de Kilanga, Ruth May repara em como a sua vizinha que perdeu as pernas num incêndio continua a procurar o seu marido e os seus setes filhos e diz: “ninguém pestaneja quando ela corre com as suas mãos no chão em direcção ao rio para lavar as suas roupas”. A própria Ruth May tem uma irmã deficiente, mas esta menina apenas atrai curiosidade devido ao seu tom de pele, não ao seu corpo diferente:

“Ninguém se interessa que ela tenha um lado do corpo diferente, porque todos têm um filho deficiente ou uma mãe sem um pé, ou alguém na família sem olhos. Quando olhamos para a rua, lá vai alguém a quem falta uma parte do corpo e sem o mínimo embaraço com isso."

Os seus cabelos louros e os seus rostos vermelhos violentamente queimados pelo sol, tornam as duas irmãs um foco de atenção para as crianças e adultos da cidade, e são elas que são transformadas em “aberrações da natureza”. Assim, Ruth May percebe que as suas usuais objectivações do corpo já não fazem sentido neste contexto, e é a sua mãe que sublinha porquê:

“aqui eles têm que usar os seus corpos como nós temos que usar as coisas lá na nossa terra – como roupas ou ferramentas de jardim, ou qualquer outra coisa. Quando nós estaríamos a gastar os joelhos das nossas calças, eles têm que gastar os seus joelhos”.

Em harmonia com a sua diferença incorporada, as duas irmãs apercebem-se através destas interacções, do valor social e cultural que determinados tipos de corpos representam em termos de identidade; e elas também percebem o estigma que os corpos que se desviam dos tipos de objectivações centrais no pensamento e na prática ocidental atraem."

Se por acaso não acharam este excerto minimamente interessante, pensem em como deveriam ser os outros textos que eu traduzi até aqui! Estejam à vontade para fazerem a revisão da minha tradução, corrigindo um ou outro pormenor, kkkkkkk...

terça-feira, 5 de maio de 2009

A moka e a tradução

Estou a fazer a tradução dum texto chatíssimo. Mas tão chato, tão chato, que eu não consigo fazer mais de uma página por dia e mesmo assim fico com a cabeça esgotada. É um texto muito abstracto e intrincado e ainda para mais sobre um tema que não me fascina. Tenho que ler as frases quatro ou cinco vezes para conseguir compreendê-las e depois tentar dizer quase a mesma coisa em português.
Então o que nos alegra nestes momentos chatinhos? Uns bolinhos de moka, claro. A mistura do café e do chocolate é uma excelente ideia. Quem terá tido essa ideia primeiro? No domingo resolvi ir para a cozinha, para esquecer the sociological theory of embodiment. Fui fazer uns bolinhos de moka que saíram um bocadinho anõezinhos, mas ficaram muito saborosos e sempre vão alegrando o meu trabalho. A receita é da colecção Le Cordon Bleu.
Fiquem bem, enquanto eu vou tentar descobrir o significado duma frase que já li quatro vezes, mas ainda não consegui compreender!!!

sábado, 2 de maio de 2009

Dia da Mãe - Rosas para uma rosa



Flores para a minha mãe. Flores para a mulher que me ensinou a gostar de flores. Rosas para a mãe que me ensinou a ser uma pessoa correcta, uma cidadã consciente, uma pessoa disponível para os outros. Rosas para a mãe que cuidou e ainda cuida. A mãe que me ensinou o que era um lar e uma família. Flores para a melhor mãe do mundo.