quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Algumas coisas sobre mim

Recebi um desafio da Cláudia, do blogue Sabor Saudade, que consiste em contar aqui seis coisas aleatórias sobre mim. Aceitei por duas razões, primeiro porque adoro a Cláudia, uma brasileira do Rio de Janeiro, que vive neste momento na Noruega, uma mulher com extremo bom gosto, inteligente, culta e com blogues interessantíssimos. Segundo, porque achei o desafio um verdadeiro desafio para mim. Falar sobre mim, nem sempre é fácil, mas aqui vai.


- Desde sempre que adoro a natureza e que sinto um enorme respeito por ela. No liceu fiquei deslumbrada com os poemas de Alberto Caeiro, descobri o Panteísmo e apaixonei-me por ele. Na faculdade descobri os poetas românticos ingleses e a sua contemplação da natureza, mais uma vez apaixonei-me. Amo o Planeta Terra, os rios, os mares, os campos verdejantes, as flores, o sol, a chuva, o arco-íris, tudo. Amo o maravilhoso equilíbrio da natureza que neste momento está um pouco frágil. Sou muito nostálgica dos tempos em que Homem e Natureza viviam em perfeita comunhão, como acontecia no continente americano antes da chegada dos Europeus. Eu não sou radical ao ponto de querer voltar para trás. Não nego de maneira nenhuma as comodidades da vida moderna, nem todas as coisas que os homens criaram com o seu engenho e arte para que a vida se tornasse mais fácil. Mas neste momento acho que é essencial pensar no que queremos para este planeta. Temos que arranjar maneira de conciliar as necessidades do Homem e da Natureza, porque dependemos um do outro. O Homem não sobreviverá se destruir a Natureza. Neste momento eu gostava que os cientistas pesquisassem novas indústrias não poluentes, que dessem trabalho às populações carenciadas sem destruir a natureza, novas formas de um desenvolvimento sustentável para este nosso mundo.

Peak District National Park, site Pictures of England

- Uma coisa que eu prezo acima de tudo é o respeito pelo outro, o respeito pela diferença do outro, a tentativa de compreender o outro, tentar não julgar precipitadamente, tentar evitar o preconceito. Acho que assim se evita tanta complicação!

Setembro, 1945, arquivos fotográficos revista LIFE

- Uma coisa muito importante a meu respeito é o meu amor pela minha cidade, Lisboa. Eu adoro o céu completamente azul de um dia de sol lisboeta, as fachadas coloridas dos prédios batidas pelo sol do final da tarde e as torres brancas das igrejas a brilhar à luz incandescente do sol do meio-dia. Eu adoro viajar, mas gosto ainda mais de voltar para casa e a minha casa é Lisboa.

Vista do Elevador de Stª Justa
Vista do Miradouro de Stª Luzia

-Uma coisa que me faltou durante muito tempo e cuja importância só descobri recentemente, é a auto-estima. Agora eu percebo o quanto é importante amarmo-nos a nós próprios. Termos respeito por quem somos. Como amar o outro se não nos amamos a nós próprios? É impossível. Muitas pessoas confundem auto-estima com egoísmo ou egocentrismo, mas não tem nada a ver com isso. Tem a ver com dignidade. Reconhecer a sua própria dignidade e o seu próprio valor é reconhecer que todos temos o potencial em nós para ser digno, válido, útil.

Menina havaina, arquivos fotográficos da revista LIFE

- No fundo o que me tem salvado durante a minha vida é o meu sentido de humor. A minha psi diz-me que eu tenho uma enorme lucidez e que é essa capacidade de ver as minhas falhas e rir delas que me salva. Rio imenso de mim e com os outros. Gosto de usar a ironia, o que muita gente não percebe à primeira, mas eu também não gosto de explicar. Quem não percebeu, não percebeu, paciência. Adoro Woody Allen porque ele também ri dele, e de todos nós, nos seus filmes e sempre com muita ironia. Annie Hall é um dos meus filmes favoritos de Woody Allen e para mim é de morrer a rir. Rir de nós próprios é muito saudável. Eu aconselho: não se levem tão a sério, aprendam a rir de vocês próprios. Os problemas ganham outra perspectiva.

Annie Hall, Woody Allen

- Apesar do meu sentido de humor há ocasiões em que parece que eu não consigo deixar de verter uma lágrima. Pois é, tenho que confessar que me farto de chorar nos filmes. Não em todos os filmes, claro, mas é raro o filme em que uma gotinha não escorre pelo meu rosto. Olho para os lados e vejo rostos sequinhos, nem sequer um brilhozinho nos olhos, nada. Antes apressava-me a limpar os olhos para não ser gozada, mas agora assumi esta minha característica. Eu choro no cinema e pronto. Um dos filmes que mais me fizeram chorar foi o filme indiano Água. Já falei aqui sobre ele e sobre o mar de lágrimas a que ele deu origem. Mas o filme que mais me fez chorar em toda a minha vida foi The Straight Story, de David Lynch, que por acaso é um dos meus filmes preferidos. Tudo me emocionou, a história, o maravilhosamente expressivo rosto do actor, as imagens lindas da América profunda, alguns acordes de música. Chorei tanto, mas tanto que gastei um pacote inteiro de lenços de papel. Ao meu lado, nada. Acho que fui a única no cinema a fazer aquela figura.

The Straight Story, David Lynch


O que é que eu disse no início? Que era difícil falar sobre mim? Afinal parece que não é assim tão difícil, senão não escrevia tanto. Eu pensei em passar o desafio a algumas pessoas, mas acabei por decidir não passar a ninguém, pois tenho a impressão que muitos amigos já o fizeram. Se ainda não fizeram e quiserem fazer, sintam-se desafiados por mim.

7 comentários:

Inside me disse...

Gostei de saber algumas coisas sobre ti.

Algumas já sabia, o gosto por Lisboa, e pelo cinema; que mostras nos teus posts.

E o que parece muitas vezes dificil torna-se fácil assim que começamos e depois até ficamos de alguma maneira mais leves...

Gostei de ler...

Beijos

ameixa seca disse...

O ser humano tem características espantosas... tanto conseguimos chorar e rir! A tua psi tem razão, saber rir é o que nos salva :)

Cláudia Marques disse...

Manita, pois eu conheço-te há uns 34 anitos... mas mesmo assim gostei muito de ler-te a escrever sobre ti.
Como sabes, temos muito em comum, e claro que tb diferenças, afinal não somos siamesas... tal como tu, sou uma chorona, emociono-me muito facilmente, e lá vêm as lágrimas. Mas às vezes chorar faz bem... o que ainda não aprendi foi a rir-me de mim, ainda me acontece mais zangar-me comigo, do que rir-me... apesar de não ser isso que ensina a mestra.
Tb adoro a natureza, quero ter uma casa no campo, de preferência uma quinta com cães, gatos e galinhas.
Depois vais lá passar umas férias...
Bjs

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Isabel,
Gostei muito do post. Aliás, adoro histórias de vida. Em literatura, são obras que me atraem.
Apesar de também gostar do Woody Allen, não tenho o senso de humor que você define. Gostaria de ter.
Quanto à emotividade, também tenho muito.
E a natureza, adoro, nos mínimos detalhes.
Beijos

Claudia disse...

Isabel,

Adorei sua postagem e percebi que somos muito parecidas entre outras coisas mais óbvias eu acho que me sentiria muito em casa vivendo em Lisboa...

Mesmo que não funcione a nosso favor o tempo todo, senso de humor é mesmo fundamental. Não dá mesmo para se levar a sério o tempo todo.

Super beijo,

Claudia

J. Maldonado disse...

Gostei das tuas respostas, pois revelam o teu bom gosto e o teu refinamento intelectual. ;)
És uma pessoa interessante! :))

Isabel disse...

Inside, o difícil é começar, depois ninguém me cala!

Ameixa, as psis sabem das coisas!

Mana, Podes ter a certeza que te vou visitar muitas vezes.

Heloísa, é nos detalhes que a natureza mais nos surpreende, não é?

Cláudia, comparando com outras cidades da Europa, Lisboa tem até um saborzinho tropical! Existe uma grande comunidade de brasileiros aqui e acho que eles se integram muito bem!

Maldonado, isso tudo? Não sei. Mas obrigada pelos elogios;)