segunda-feira, 30 de março de 2009

Preparativos

Para quem não sabe, eu sou a ansiedade em forma de gente. Para combater essa louca ansiedade eu ganhei a mania de, ou não fazer planos nenhuns ou então, quando os faço, começar a preparar tudo com uma enorme antecedência, para evitar trecos de última hora. Só para terem uma ideia, vou a Roma esta semana, mas a viagem e o hotel estão reservados desde Novembro, a mala já está a ser feita há uma semana e tenhos listinhas e lembretes de tudo, para não me esquecer de nada. O que vale é que desta vez vou viajar com uma amiga que é exactamente como eu e que também quis tratar de tudo com bastante antecedência. A única coisa que deixei quase para o fim foi a decisão de comprar ou não uma máquina fotográfica. Só na sexta-feira me decidi a comprar uma maquininha digital Olympus para registar Roma da melhor maneira possível. Há muito tempo que andava a tirar fotografias fraquitas no telemóvel e agora estou maravilhada com a qualidade desta máquina. Estou a estudar o seu funcionamento para não dar barraca em Roma. Assim, tenho andado a fazer experiências em Lisboa:

É maravilhoso brincar com o zoom, com a luz, com a proximidade, com tudo. Estou a aprender e a experimentar.

As duas fotos foram tiradas exactamente do mesmo local. Estou a adorar, acho que vou passar a andar sempre de maquininha na mala. Não só em Roma, mas aqui em Lisboa também!

Agora, que já só faltam dois dias e meio, estou calma, calmíssima e feliz com a viagem. Vou a Roma, IUPIIIIIIIIIIIIII!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Comércio Justo


Na escola onde trabalho, uma professora organizou com os seus alunos uma banquinha de produtos de Comércio Justo. Para quem não sabe, o Comércio Justo é um movimento social e económico que incentiva as exportações de países em desenvolvimento para países desenvolvidos, essencialmente de produtos agrícolas e artesanais. Todas as organizações envolvidas no circuito do Comércio Justo devem obedecer aos seguintes princípios:

- A preocupação e o respeito pelos pequenos produtores assegurando que eles recebem o preço justo pelo seu trabalho.

- A preocupação e o respeito pelo ambiente; muitos destes pequenos produtores efectuam uma agricultura biológica.

- A promoção de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres.

- A protecção das crianças, não utilizando o trabalho infantil.

- A promoção da sustentabilidade através do estabelecimento de relações comerciais estáveis a longo prazo.

Por todas estas razões, lá fui eu à banquinha ver o que podia comprar. Havia café, chá, biscoitos e chocolates. Eu, claaaaaaro, optei pelo chocolate recheado de praliné, que eu adoro.

Os chocolates Mascao são feitos na Suíça, mas o cacao é produzido na Bolívia e na República Dominicana por pequenos produtores. E digo-vos que é muuuuuuuito bom. Vá lá, façam qualquer coisinha pelo mundo, comprem produtos do Comércio Justo. Vão ver que não custa nada.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Home bitter home

Hoje fui ao banco fazer uma simulação de crédito à habitação. Saí de lá um bocadinho desolada. Não completamente de rastos, que não seria isso que me deixaria de rastos, mas com aquela pontinha de tristeza de quem tem que adiar os sonhos por mais algum tempo. Pois é, o que os senhores do banco me emprestam deve dar para comprar um T0, numa cave escura!
Pronto, estou a exagerar, mas de qualquer maneira, não dá para a casa que eu queria. Teria que sair de Lisboa, o que para mim seria doloroso. Por várias razões, mas neste momento é mesmo por uma razão bem prática. Os meus pais estão a ficar velhotes e a precisar de apoio. Não sei se me sentiria bem a ir viver para mais longe neste momento. Sinto que eles precisam de mim. Ou será que eu estou só a arranjar desculpas? Não sei. Tenho que pensar. E muito.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Menino no rio

Há tanto tempo que não postava um menino bonito aqui no meu bloguito. Já estavam com saudades, não é? Se vocês não estavam, estava eu! E não resisti a esta foto do grandão Gianecchini com ar de menino envergonhado numa canoa. Coisinha mais linda.
Hoje começa a Primavera, as árvores já estão a rebentar de novo, as flores já enchem as nossas varandas, os passarinhos já cantam, já zumbem as abelhas à volta das flores. Já anda aquela atmosfera de renascimento no ar. Vocês sabem, the birds and the bees e etc & tal. Aproveitem. Passeiem. Namorem.Vivam a Primavera.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Home sweet home

Eu cresci numa casa grande, solarenga, com varandas enormes e uma vista deslumbrante da cidade. E queria comprar uma casa com pelo menos algumas destas características. Queria uma casa em Lisboa, espaçosa, luminosa, com varandas para ter as minhas plantinhas, de preferência na mesma zona onde cresci e sempre vivi. Acontece que as casas com estas características não são para o meu bico. Toda a gente sabe que os preços das casas em Lisboa estão super inflacionados. Só para dar um exemplo, na rua onde vivo actualmente, está à venda uma casa com, nem sequer, metade destas características por 350.000€. Tudo bem, é uma casa completamente restaurada, com cozinha equipada, pronta a habitar e com uma vista maravilhosa, mas 350,000€ por uma casa com duas assoalhadas, num prédio com 90 anos? Isto é de loucos! Pelo menos, eu acho.

Agora toda a gente me diz que é uma boa altura para comprar casa porque com a crise as pessoas estão desesperadas por vender e podemos comprar mais barato. Será? Economia e finanças não é de maneira nenhuma o meu forte. E comprar casa sempre me meteu muito medo, não sei porquê. Acho que é o medo da dívida gigantesca que contraímos ao banco. Sempre vivi em casas alugadas, mas acho que está na altura de pensar em algo mais definitivo. Devo estar a ficar velha.

Nota: As fotos foram retiradas do magnífico blog Desire to Inspire (está na lista ao lado), que tanto me inspira.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ah, l'amour

É sempre divertido visitar o meu BlogCounter e ver as buscas do google que vêm parar ao meu blog. Desconfio que o google "acha" que o meu blog é um consultório sentimental! Não podia estar mais enganado ; )


Aqui ficam alguns exemplos:

"casos que foram além da amizade"

Já era um caso e depois foi além da amizade? Decidam-se. Assim não posso ajudar!

"como melhorar o casamento"

Queridos e queridas, adoraria ajudar-vos, mas nesse campo não posso ajudar de certeza. Eu e o casamento não somos grandes amigos, aliás nunca fomos sequer apresentados, pois eu tratei de fugir dele toda a minha vida!

"como se escreve estou apaixonada em francês"

Finalmente posso dar uma ajudinha a quem tão desesperadamente procura neste cantinho ajuda para a sua vida privada. Para quem quiser fazer uma declaração de amor em francês aqui vão algumas dicas:

Mon amour
Je t'aime
Je t'adore
Je suis amoureux de toi (se for homem)
Je suis amoureuse de toi (se for mulher)
Je suis tombé amoureux de toi

Espero ter ajudado as almas apaixonadas por francófonos a expressar o seu amor. Sempre achei graça aos amores bilingues. Força pessoal! Mas aviso já que nas próximas consultas vou começar a cobrar.

terça-feira, 10 de março de 2009

Catarina de Bragança

Já há bastante tempo que não escrevia para a Academia, primeiro porque andei um bocadinho arredada dos livros e porque depois comecei a ler um livro muito grande. Mas agora aqui estou eu a cumprir o meu dever de sócia da Academia dos Livros, o que neste caso não é só um dever mas também um prazer.
Acabei agora de ler o livro de Isabel Stilwell, Catarina de Bragança, A Coragem de uma Infanta Portuguesa que se tornou Rainha de Inglaterra. Este livro conta a história de Catarina de Bragança desde o nascimento até à morte. A escrita da autora é muito simples e fluida. O livro não pretende ser uma obra-prima da literatura, apenas uma biografia completa da rainha. Apesar de alguns factores serem romanceados, todas as fases da vida de Catarina são contadas com muito rigor histórico e são raras as personagens do livro que não são reais.
O livro começa por contar a infância simples e despreocupada de Catarina e de seus irmãos no Palácio de Vila Viçosa. Na altura eram apenas herdeiros do Duque de Bragança, não sonhavam que um dia o seu pai iria ser rei e eles infantes de Portugal. Nessa época o país tinha caído sob o domínio de Castela, sendo Filipe IV de Castela também Filipe III de Portugal. Quando Catarina tinha 3 anos o seu pai tornou-se rei de uma nova dinastia de reis portugueses e toda a família se mudou para o Paço da Ribeira, em Lisboa.
Paço da Ribeira, Lisboa, Séc. XVII
O período da Restauração, com todas as suas dificuldades e as intrigas típicas de qualquer corte transformaram a vida de toda a família, principalmente a de D. JoãoIV e D. Luisa de Gusmão que enfrentaram as maiores dificuldades para vencer a guerra contra Castela. Mas também Catarina viu a sua vida completamente alterada e tocada muitas vezes pela tragédia. Foi aqui que perdeu os seus dois irmãos mais velhos, Teodósio, o herdeiro do trono, e Joana, a sua confidente. Foi aqui que lhe disseram, que com a morte de sua irmã, lhe caberia a ela a tarefa de fazer um casamento útil ao esforço de guerra. Foi também aqui que começou a formar o seu carácter com a influência positiva de Padre António Vieira e de seus pais. Poderíamos dizer que Catarina herdou o melhor de cada um dos seus pais: o carácter forte da mãe e o feitio doce do pai.

Durante anos foi negociado o seu casamento com Charles, herdeiro do trono da Inglaterra, para assegurar a ajuda financeira desse país à nossa guerra da Restauração. Como já disse no post anterior o dote da princesa foi pago em açúcar vindo do Brasil, especiarias vindas do Oriente, e também a praça de Bombaim, muito útil aos ingleses que assim iniciaram a sua intensa actividade comercial com a Índia, mais tarde colónia inglesa. Foi também D. Catarina que introduziu na corte inglesa o hábito de tomar chá a meio da tarde, hoje tão típico dos ingleses!
A sua atribulada vida de casada fica por contar, quem quiser saber mais tem que ler o livro.

Em resumo, achei a obra muito interessante, muito rigorosa em termos históricos e muito agradável de ler. A autora, luso-britânica, mostra com subtileza as diferenças culturais existentes na época entre os dois países, e o peso gigantesco da religião na sociedade da época. Leiam. Uma lição de história nunca fez mal a ninguém. Ficamos sempre a perceber um pouco melhor o presente, quanto conhecemos bem o passado.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Sugar and spice

What are little girls made of? Sugar and spice and all things nice.
That is what little girls are made of.

Rima inglesa inspirada na princesa de Portugal, Catarina de Bragança, que se tornou rainha da Inglaterra ao casar com Charles II, no século XVII. A rainha Catarina era baixinha, muito bondosa e paciente e o seu dote foi pago em açúcar e especiarias.
Açúcar e especiarias eram muito valiosos, valiam ouro. Para além de todo o valor comercial que tinham na época, as especiarias orientais vieram enriquecer muito a culinária europeia. O gengibre, por exemplo, é agora usado em imensos pratos europeus e principalmente em doces típicos europeus. O mundo dá muitas voltas não é?

E isto tudo vem a propósito de quê? De muffins, claro. Adorei a experiência dos muffins e voltei a fazer no passado fim-de-semana. Gosto não só do resultado final, como de todo o processo de preparação. É calmante e anti-stress. Um bom substituto para os ansiolíticos, não acham?

A preparação dos muffins é sempre a mesma: juntam-se primeiro todos os ingredientes secos, faz-se um buraco no meio da massa e deitam-se os ingredientes líquidos. Mexe-se tudo de forma rudimentar com uma colher de metal e já está. É super fácil.

Desta vez fiz de banana e gengibre. Qualquer coisa com banana é sucesso garantido e o gengibre dá aquele gostinho especial. Uma delícia feita de sugar and spice, and all things nice.

Ingredientes:

300 g de farinha com fermento
1 colher de chá de gengibre em pó
115 g de açúcar mascavado
75 g de gengibre cristalizado finamente picado
60 g de manteiga sem sal
2 colheres de sopa de mel
125 ml de leite
2 ovos
240 g de banana esmagada

De todos estes ingredientes só não usei o gengibre cristalizado porque achei que tinha um preço imoral e porque a crise chega a todos! Então, aumentei um pouquinho a dose de gengibre em pó, para 1 colher e meia. Agora, no meio disto tudo só há um problema. Os meus muffins nunca ficam gordinhos como os das fotos do livro Le Cordon Bleu.
Será que alguém me pode explicar porque o meus muffins não crescem?

segunda-feira, 2 de março de 2009

O Acordo da discórdia ou talvez não

Bandeira de Angola
O Acordo Ortográfico tem sido alvo de muita polémica. Para ficar mais esclarecida e poder tomar um partido nesta acesa discussão, andei a fazer umas pesquisas. Em primeiro lugar descobri que esta vontade de unificar a ortografia da nossa língua já começou em 1911, altura do primeiro acordo. Foi nessa época que passámos a escrever farmácia com f e não com ph, por exemplo.
Bandeira do Brasil
Este novo acordo nasceu ainda na década de 90, mas andou em banho-maria até 2004, data em que numa reunião da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), ficou decidido que bastaria que três países da comunidade o ratificassem para o acordo entrar em vigor. O Brasil foi o primeiro país a ratificar o acordo em 2004, seguiram-se Cabo Verde em 2005 e São Tomé e Príncipe em 2006. Isto significa que nestes países o acordo já está em vigor.
Bandeira de Cabo Verde
Em Portugal, o acordo sempre foi contestado por um grande número de intelectuais, sendo Vasco Graça Moura, o seu maior crítico. O Governo, sem falar muito no assunto, tratou de ratificar o acordo em 2008, mas o mesmo ainda espera aprovação do Parlamento e do Presidente da República. Caso seja aprovado, entrará imediatamente em vigor, apesar de ser permitida uma fase de adaptação de 6 anos, durante os quais serão permitidas as duas grafias.
Bandeira da Guiné Bissau
E agora, o mais importante: O que vai mudar com o novo acordo?

1º - O alfabeto português passará a incluir definitivamente as letras k, w e y. Isto não é grande mudança, a minha sobrinha de 7 anos já aprendeu o alfabeto assim.

2º - A supressão das consoantes mudas. Esta é talvez a questão que tem levantado mais polémica aqui em Portugal. Alguns linguistas defendem que vamos privar a nossa língua de mais um traço da sua origem latina. Eu pessoalmente, sei que me vai custar um pouco, mas apenas por questão de hábito. Aprendi a escrever assim, sempre escrevi assim, não vai ser fácil mudar de um dia para o outro. Mas se observarmos a questão logicamente, a língua é na sua essência oral. A escrita é apenas uma representação da oralidade. E se, como o nome indica, as consoantes são mudas, não estão lá a fazer nada. Nós pronunciamos ótimo e não óptimo, só para dar um exemplo.
Vamos a alguns casos concretos (isto não vai ser fácil!)

- c antes de c - transaccionar passa a transacionar; leccionar passa a lecionar.
Manter-se-ão as palavras em que o primeiro c é pronunciado, como: friccionar, perfeccionismo, porque neste caso não são consoantes mudas.
- c antes de ç - acção passa a ação; reacção passa a reação.
Irão manter-se iguais as palavras em que o primeiro c é pronunciado, como: fricção, sucção.
- c antes de t - acto passa a ato; actriz passa a atriz, projecto passa a projeto.
Irão manter-se iguais as palavras em que o c é pronunciado, como: bactéria, octogonal. Em Portugal manteremos facto, porque pronunciamos o c e porque fato para nós é outra coisa (terno no Brasil).
- p antes de c - percepcionar passa a percecionar.
Mantém-se opção, opcional, núpcias, etc, porque o p é pronunciado.
- p antes de ç - adopção passa a adoção.
Mantém-se corrupção, opção, etc, porque o p é pronunciado.
- p antes de t - Egipto passa a Egito; baptismo passa a batismo.
Mantém-se inapto, eucalipto, porque o p é pronunciado.

3º - Agora a questão dos acentos, que para mim é a mais complicada.

São suprimidos alguns acentos gráficos em palavras graves:
- crêem, vêem, lêem passam a creem, veem, leem :/
- pêra, pêlo, pólo passam a pera, pelo, polo :(

As palavras acentuadas no ditongo oi e ei perdem o acento:
- ficam assim estoico, asteroide, boleia, plateia, ideia.

Supressão do trema:
- aguentar, frequente, linguiça e agora devem ser os brasileiros que fazem :/

Supressão do acento circunflexo em palavras como:
- abençoo, voo, enjoo :(
Bandeira de Moçambique
Quando existem palavras que são pronunciadas de maneira diferente nos vários países, continua a existir a dupla grafia, como nos seguintes casos:

Portugal Brasil
característica caraterística
olfacto olfato
facto fato
súbdito súdito
súbtil sútil
bónus bônus
puré purê
metro metrô
cómico cômico

Bandeira de Portugal
Eu acho que, no final, não muda assim tanta coisa e que pode ser vantajoso unificar a grafia da nossa língua para que ela seja mais forte internacionalmente e para manter os laços culturais e históricos que nos unem.

Bandeira de S. Tomé
Agora aceito opiniões a favor e contra.