sábado, 16 de maio de 2009

Eurofestival da Canção

Devo dizer que já há muitos anos que não acompanhava o festival europeu da canção. É claro que já não tem a graça que tinha quando eu era criança e vibrava com todo o ritual de votação. Mas desta vez, fiquei em frente à televisão a ver quase tudo. Não sei o que me deu, juro. Detesto várias coisas no festival de hoje em dia. Primeiro de tudo a quase geral falta de gosto, músicas terríveis, vestidos horríveis, coreografias de fugir, uma foleirice pegada. Depois o que mais me irrita é que todos os países cantam em inglês e que a grande maioria das canções para além da língua inglesa adopta também um estilo de música pop anglo-saxónico muito redutor. É isto a Europa? A língua oficial da europa é o inglês? O estilo de música típico da europa é a pop anglo-saxónica? Onde está a riqueza da diversidade europeia? Tirando Portugal, Espanha, a Rússia e a Estónia, creio que todos os outros países cantaram em inglês. Músicas sem quase nenhuma personalidade ou com pouco a ver com o país que representam. Pronto, eu sei que cada um canta em que língua quiser e o que quiser, mas assim eu acho que não tem graça. A minha canção preferida era a da Estónia, uma música muito bonita, cantada na língua do país e a portuguesa também achei muito bonitinha, mas ficaram no meio da tabela, não é? Olha, já não foi mau.
Felizmente ainda existe um pouco de bom senso e a canção vencedora era boa e escapava à banalidade quase geral. O rapazito cantava muito bem, a música era gira e os instrumentos de cordas davam um toque especial (e talvez étnico, não sei) mas eu pergunto: a língua norueguesa será assim tão pouco musical que não pudesse ser ouvida pelo resto da Europa? Porquê o inglês? Porquê? Expliquem-me. Não me entendam mal, eu adoro a língua inglesa, amo de paixão, é a minha segunda língua, a minha língua de trabalho, mas fico irritada com esta colonização linguística do festival. Seria muito mais interessante se cada país desse a conhecer a sua língua e a sua cultura ao resto da Europa, não?

14 comentários:

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Isabel,
Concordo com você. Essa mania de inglês não tem sentido.
Agora, me diz uma coisa: o que quer dizer "foleirice pegada"? Como você vê, preciso aperfeiçoar meu português de Portugal.
Beijos

K disse...

TAMBÉM FIQUEI CURIOSA?
FOLEIRICE PEGADA?

MAS QUANTO AO PROBLEMINHA CULTURAL, ACHO QUE É MEIO ASSIM MESMO, TODO MUNDO QUER SER CHIQUE E MODERNINHO E ACABA PERDENDO A PERSONALIDADE, A CULTURA, COMO DIZ MEU MARIDO:- NÓIS É CAIPIRA, MAIS É JÓIA


BEIJO

Luciana disse...

Oi Isabel, também acompanhei o festival. Bom, eu estava torcendo pelo garoto que venceu, gostei dele desde que vi ainda nas eliminatórias aqui na Noruega, ele escreveu a cancao, fez a música, toca o instrumento. Quanto à escolha do inglês por ele, acredito que foi pela maior facilidade, não só talvez de compor, mas também pelo público que atingiria. Muito provavelmente ele pensa em carreira internacional. Aqui mesmo vejo que não escutam muito músicas em norueguês, realmente acaba acontecendo isso que você disse, mas...
Os noruegueses em geral são muito patriotas, e valorizam muito a língua norueguesa, mas pra comecar são duas línguas oficiais, fora os dialetos. Talvez a escolha do inglês simplificou tudo isso.
Mas ainda acredito no pensar internacional na hora da escolha.

Beijo

Isabel disse...

Amigas brasileiras foleirice pegada é uma coisa muito "brega". Aqui foleiro é o mesmo que brega e foleirice pegada é isso, muita foleirice junta para qualquer pessoa com bom gosto aguentar!!!! rs rs

Luciana, aí deve ter sido uma festa, não? Eu também gostei do menino que venceu e sei que os países nórdicos têm a tradição de cantar em inglês já desde os tempos dos ABBA. Mas em 25 países, só 5 cantaram nas suas línguas, é demais, não?
Bjs

Cláudia Marques disse...

Concordo contigo, e como sou um bocado radical, até acho que devia ser obrigatório cada país cantar na sua própria língua. Claro que para o comum cidadão havia o problema de não percerbermos a maioria das letras, mas podiam pôr legendas...
gostei da canção que ganhou, acho que até foi uma boa escolha, apesar de não ter visto todas. Mas a minha preferida era a de Malta, que ficou tão malzinho, tadinha!

Que piadão que achei às amigas brasileiras por causa da foleirice pegada! Já me ri com vontade! É para elas verem o que nós "sofremos" para decifrarmos as expressões delas... :))

ameixa seca disse...

Eu não vi e ainda nem ouvi a vencedora. Mas irrita-me isso do inglês e também é uma língua que adoro. Perde-se muita cultura do país que representam pela ausência da língua oficial!

Claudia disse...

Isabel,

Concordo com você totalmente. Eu acho o Eurovision uma cafonice geral e não entendo a fissura dos noruegueses com o tal festival da canção. Aqui o povo ama, o Per é um deles.

O meu maior bode também deve-se ao fato das canções serem cantadas em inglês. Acho uma pena que as pessoas dos países votem mais nas canções em inglês. Essa é a grande razão das canções serem cantadas em inglês.

Mas olha, o norueguês é uma língua difícil, mas é tão musical quanto qualquer outra. Depende sempre do estilo em que se invista. Enfim, no festival local norueguês eu torci por uma canção em sami bem etnica mas o etnico não vence apesar do menino Alexander ter arrebatado a Noruega quando ele apareceu. Ele arrebatou a Europa toda, não é mesmo. Que menino carismático...

Enfim, gostei da França e da Rússia mas votamos em Portugal que eu amei. A canção portuguesa parece uma do grupo brasileiro Fala Mansa que eu amo. A Bosnia também cantou em Bosnio.

E as piores: Turquia, Ucrânia e România. Festival de pernas de fora e de músicas ruins...

Agora vou ter que aguentar as discussões sobre a festa no ano que vem.

Beijos da terra do Fairy Tale...

Claudia

Claudia disse...

Complementando,

A Luciana chamou atenção para um fato real. Aqui são duas línguas oficiais e ainda tem o Sami (que é língua oficial em Kautokeino) e os muito dialetos. Língua aqui é coisa uma passional o inglês de certa forma harmoniza.

Bj.

C.

Noémia disse...

Eu já desisti dos festivais da Eurovisão há muito tempo.
A maior parte dos motivos pelo que tu mesmo disseste, quando era pequena achava giro agora não. Depois pelos outros motivos todos, o pop anglo-saxónico, as miúdas meio despidas e sem voz, o show, o inglês colectivo.
Está tudo demasiado massificado!

Isabel disse...

A Cláudia usou o sinónimo perfeito de foleiro = cafona! Acho que brega não é bem a mesma coisa, rs rs
Mana, às vezes dá mesmo vontade de radicalizar... e proibir a foleirice seria uma boa medida!!!!

Ameixa, deixa lá que não perdeste nada!

Cláudia, eu entendo que aí seja mais complicado porque existem várias línguas, mas outros países adoptam o inglês apenas para ter votos, não é? Ainda bem que gostaste da nossa música, eu também achei bonitinha e mostrava um pouco da nossa cultura. Apesar de tudo, acho que Portugal faz bem em continuar a utilizar a sua língua e a sua cultura, mesmo que seja para ficar no meio da tabela!!!
Noémia, é mesmo isso, a massificação, não expressamos a nossa individualidade e ficamos todos iguais, uma seca!

Beijos a todas

J. Maldonado disse...

O Festival passa-me ao lado... há mais de 20 anos. :)
O uso do inglês é apenas uma estratégia de marketing dos cantores e das bandas a fim de ganharem projecção internacional. Até os orgulhosos franceses já estão a começar a entrar nessa onda... :-o

Claudia disse...

Isabel,

Brega e cafona tem o mesmo significado: uma coisa de péssimo gosto estético. Uma palavra usada sempre em referência ao visual, a estética de alguma coisa. O oposto de elegante.

Mas olha, tua foleirice pegada foi totalmente entendida. Dá para entender que foleirice é sinônimo de brega e cafona...

Bj,

C.

Anónimo disse...

bolinhos de laranja, não há? :)

(sou eu, claro!)

Luciana disse...

Isabel, acho que foi uma festa por aqui sim, mas na verdade não participei de nada, e no dia seguinte já era o dia nacional da Noruega, então juntaram-se as duas coisas, mas na tv, rádios, jornais, etc, só dá Alexander Rybak.
Meu marido não curte esses festivais, sempre vejo sozinha, ele também acha brega, eu já acho divertido.

Como Claudia disse, o vencedor tem carisma demais, acredito que a diferenca entre um talento com sucesso e outro sem sucesso tá no carisma. Ele arrebatou mesmo.

Fui pesquisar sobre isso do uso do inglês e também sobre o festival, já que tinham me pedido pra postar isso, e sobre o inglês eu encontrei que era até proibido o uso de outra língua que não uma das línguas oficiais do país participante, mas com a vitória da Suécia novamente em 1999 cantando em inglês, derrubou essa proibicão.

Concordo com Claudia que o norueguês é tão musical quanto o inglês, mas infelizmente temos que admitir que o inglês atinge um público maior.


Beijo