terça-feira, 29 de junho de 2010

O monstro


Não sou especialista em arquitectura, mas tenho bom senso. E com o meu bom senso e discernimento consigo perceber o que toda a gente percebe. Este edifício, construído onde está, é um horror, é um descalabro, é , como disse Vasco Graça Moura, uma "estrutura faraónica para exercícios do King Kong na barra fixa".

Só o arquitecto Gonçalo Byrne e os responsáveis pelo empreendimento parecem não ter tido bom senso e discernimento. Colocar este edifício junto a chalets do início do século passado que descem em cascata até ao mar, maravilhosamente enquadrados na natureza, é literalmente borrar a pintura. É um atentado à paisagem e ao património cultural e natural de Cascais.

Não critico o edifício em si, nem o seu valor arquitectónico, até porque como já disse não entendo nada de arquitectura, só questiono a enorme agressão à paisagem, o descaso que o arquitecto teve com a paisagem envolvente. Porque é que tem que ser assim? Porque é que o arquitecto só pensa na sua obra e não consegue pensar para além dela? Porque é que os arquitectos insistem em brilhar à custa da destruição da paisagem?
Nota: Desculpem a má qualidade das fotos, estava contra a luz.

9 comentários:

Dani disse...

Com certeza, Isabel, há-de se levar em conta a harmonização do que é construído com a paisagem. Esses cubos me lembram muito aquele tipo de construção utilitária dos países sob o regime comunista, onde a estética ficava em segundo plano.
E não é só o aspecto externo que causa impacto - acredito que para quem vai trabalhar num edifício assim, o ambiente transmita uma certa frieza, frieza esta necessária às práticas corporativistas.
Aqui também cometem-se uns atentados estéticos - acho que os tradiconalistas britânicos não se sentem muito à vontade com o conceito de arquitetura contemporânea e, quando tentam modernizar a paisagem, o resultado é catastrófico.
Que pena, pois Cascais é linda!
Um beijo!

Unknown disse...

E quem licenciou esta aberração? E porquê?
Ai tanto que se podia dissertar sobre este e outros projectos do género...
É uma pena substituir-se a tradição por monstros...

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Isabel,
Concordo com você. As construções ficaram muito estranhas, e destoam completamente da paisagem.
bjs

Cláudia Marques disse...

É incrível que tenham mandado demolir o Hotel Estoril-Sol, porque era um mamarracho e um atentado à paisagem (e era!), mas afinal no seu lugar se tenha construído esta monstruosidade, mil vezes ainda mais feio do que o outro e totalmente desenquadrado em relação à paisagem envolvente. Um horror! Só explicável por interesses obscuros, não vejo outra justificação.

Beth/Lilás disse...

O quê? Inacreditável isso e de muito mau gosto.
Estive em Cascais ano passado e amei o lugarejo, realmente muito charmoso como você descreveu e como puderam construir cubos tão horrorosos assim num lugar pequeno e voltado exclusivamente à práticas balneárias?!
Pelo visto, a corrupção está no mundo todo. Pois só assim para entender um abuso como este.
bjs cariocas

ameixa seca disse...

Não deveria era ser aprovado pelo organismo. Nem se enquadra no Plano de Director Municipal. Isso vai ser o quê? Ando completamente fora das notícias na comunicação social :)

Isabel disse...

Por incrível que pareça, o monstro está destinado a ser um hotel!

Claudia disse...

Isabel,

É uma monstruosidade mesmo, horrível, mas o pior é que não me parece muito interessante ficar num hotel diante do mar em Portugal com aquela aparência de caixotes empilhados... Tudo tão frio e desinteressante. Acho uma falta de gosto terrível.

Bj,

C.

vera disse...

horrível de facto
interessante este blog