"(...) "Carlos", disse ela, "está a acontecer uma coisa na Plaza de Mayo que tu tens que ver."
"E não pode esperar?"
"E não pode esperar?"
"Não", respondeu ela, "estão lá umas mulheres a fazer uma manifestação."
"E ainda não aconteceu nada?"
Toda a gente sabia que o regime havia proibido ajuntamentos públicos. (...) As novidades de Esme entusiasmaram Carlos, que punha a hipótese de a manifestação significar que os generais haviam mudado de maneira de pensar.
(...) Assim que Esme e Carlos chegaram à praça, este percebeu que os cartazes continham epitáfios e que o denominador comum destas mulheres era serem mães. As fotografias dos desaparecidos estavam no centro de cada cartaz, e debaixo destas liam-se as incrições a letras pretas e gordas:
ONDE ESTÁ RUBÉN MACIAS?
ONDE ESTÁ JULIA OBREGON?
PARA ONDE LEVARAM A MINHA FILHA E O MEU NETO?
Conforme as mulheres passavam, caminhando silenciosamente, ele quase conseguia ouvir a angústia das suas perguntas, mas esse som imaginário era menos perturbador do que os rostos das mães e dos que tinham desaparecido de suas vidas."
Sem comentários:
Enviar um comentário