sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O Tempo e o Vento

Fiquei maravilhada com a escrita de Erico Verissimo, neste fabuloso O Tempo e o Vento. Este épico está dividido em três partes, O Continente, O Retrato e O Arquipélago. Apenas li o primeiro, O Continente, mas fiquei apaixonada por esta narrativa intensa, que conta a história da família Terra Cambará ao mesmo tempo que conta a história do Rio Grande do Sul, o estado mais a sul do Brasil.


Eu adoro um livro com árvore genealógica, fico logo motivada para a leitura. Há qualquer coisa nas sagas familiares que me prendem a atenção e me fascinam. E este livro tem uma grande árvore genealógica, sem a qual o leitor estaria completamente perdido, uma vez que a narrativa não segue a ordem cronológica dos acontecimentos, sendo formada por uma série de analepses.


Ruína jesuíta de S. Miguel das Missões

Como já disse, o livro aborda temas da história do Rio Grande do Sul, como os primeiros missionários jesuítas, a expulsão (e consequente sofrimento e muitas mortes) de um grande número de índios dessas missões para outros territórios devido a um acordo entre Portugal e Espanha (que punham e dispunham de terras e gentes), as ondas de imigração açoriana, alemã e italiana, e as guerras civis, mais conhecidas como Revolução Farroupilha e Revolução Federalista.

Quadro de José Wasth Rodrigues que retrata a Revolução Farroupilha

Em vez de colocar um excerto do livro, resolvi colocar um excerto do Prefácio de Maria Lúcia Lepecki, com o qual me identifiquei. Para quem não sabe Mª Lúcia Lepecki é uma professora universitária brasileira, de Minas Gerais, que vive e trabalha em Portugal há muitos anos, tendo inclusivamente sido professora da minha irmã na faculdade.

"Uma pessoa duvida da própria sensatez. Como prefaciar trilogia cujas 2348 páginas cobrem 200 anos (1745-1945), da história de uma família, os Terra Cambará, enquadrada em extensíssima galeria de personagens, todas elas pulsantes de vida? Uma pessoa duvida mais, se se lembrar de que nos três volumes de O Tempo e o Vento viu também um quadro da História do Rio Grande do Sul e, ricochete previsível, da História do Brasil durante dois séculos. Por cima disso, uma pessoa sabe perfeitamente que O Tempo e o Vento encontra escrita de extraordinária beleza, sem ponta de paralelo na restante obra de Verissimo e com muitíssimo poucas parecenças nas literaturas portuguesa e brasileira. Essa escrita, cujos meandros levei anos a discernir, garante um fôlego narrativo que tem, ao arrepio do que mandaria a lógica, três puras naturezas: a épica, a romanesca e a mítica. Caso para dizer: não há quem resista. Por isso acredito piamente que, tal como eu, o leitor amará apaixonadamente este livro e, por causa dele, carregará no coração o Rio Grande do Sul. Mesmo que, também tal como eu, nunca lá tenha posto os pés…"

Leiam e apaixonem-se.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Stª Engrácia e um desafio

Já todos devem ter ouvido, ou até usado, a expressão "obras de Stª Engrácia", utilizada normalmente quando uma obra demora mais do que o tempo previsto e às vezes parece não ter fim. Eu até já tinha usado muitas vezes mas não sabia que estava associada à Igreja de Sta Engrácia, que funciona actualmente como o Panteão Nacional. As obras de construção da igreja começaram em 1640 e devido a vários revezes, só terminaram no início do século XX!!! Daí a expressão estar tão enraízada na nossa língua. Pelo menos aqui em Lisboa.

Apesar de ter vivido toda a vida em Lisboa, nunca tinha visitado o Panteão Nacional. Acontece muito as pessoas saírem do país para visitarem os monumentos estrangeiros e não conhecer os do seu próprio país, não é?

Mas, desta vez, como estava lá uma exposição sobre a Amália, foi mais um incentivo para visitar este monumento imponente.




Pormenor da Exposição sobre Amália Rodrigues

Gostei muito, tanto do edifício do Panteão como da exposição da Amália, que achei bastante interessante, retratanto todas as fases da sua carreira. Não resisti a tirar uma foto aos sapatinhos Versace :)


Mudando de assunto, a amiga Beth do blog Mãe Gaia passou-me um selinho (ou meme, como chamam no Brasil ) e um desafio que consiste em definir oito características da pessoa que o recebe e passar para mais oito pessoas. Eu não vou passar para ninguém em especial, mas se quiserem responder estão à vontade.

A minha primeira ideia era optar só por características positivas e deixar as negativas no segredo dos deuses, mas não consegui reunir oito características positivas, hihi e tive que apelar para algumas menos boas… Assim, sou:

Trabalhadora – Sincera – Amiga – Frontal – Sonhadora - Stressada – Teimosa – Complexa

E por hoje é tudo. A minha vida está uma confusão, muito trabalho, muita preocupação, mas tudo vai passsar, tudo vai melhorar e espero nos próximos tempos ter mais tempo para postar e visitar os vossos blogs.

sábado, 24 de outubro de 2009

Olhar para cima

Às vezes vale a pena olhar para cima. Tirar os olhos do chão e surpreendermo-nos com a beleza inesperada.





terça-feira, 20 de outubro de 2009

Luxo

A maior parte das pessoas associa o luxo às grandes marcas, aos hotéis de luxo e às sanitas forradas a ouro dos multimilionários do Médio Oriente. Eu, mesmo que tivesse muito dinheiro, acho que não compraria sapatos de 1000€ ou malas de 1500€. Não faria questão de pernoitar em suites com decorações exageradas e barrocas. E nunca, mas nunca forraria qualquer coisa a ouro na minha casa de banho.

Acho que as variações sobre o conceito de luxo podem ter contornos interessantes. O meu conceito de luxo é um pouco diferente do acima retratado. Para mim um luxo pode ser tanta coisa. Pode ser um bom perfume. E como eu adoro um bom perfume! O que ele pode fazer por nós! Este, devo dizer-vos, faz-me sentir uma verdadeira imperatriz.


Um luxo pode também ser uma iguaria da alta doçaria. E aqui podia falar muito. Mas para não fazer disto um post gigante dou o exemplo do bom chocolate, nas suas formas mais variadas. Como me fazem felizes umas maravilhosas trufas de chocolate!


Pode também ser um hotelzinho de charme, com uma decoração simples mas de bom gosto, com aquele toque único, que o faz especial.
E pode mesmo ser um sumo de romã bebido ao final da tarde na varanda a conversar com pessoas de quem gostamos.



O luxo para mim, é aquele objecto que nos dá prazer, aquela iguaria que nos enche a alma, aquele local sem ostentação, mas de extremo bom gosto e simplicidade, aquela viagem que nos abre os horizontes, e principalmente aqueles pequenos prazeres únicos e autênticos que quase sempre não custam dinheiro quase nenhum.

É claro que eu compreendo o apelo de um bem único, exclusivo, feito pelos melhores profissionais, com os melhores materiais, etc. Mas nesse ponto confesso que sou muito mais entusiasta das exclusividades culinárias do que das materiais. Pode parecer disparatado, pois uma mala ou um relógio de luxo podem durar quase uma vida, enquanto o luxo que comemos desaparece num instante, mas acho que é mesmo por isso que eu o valorizo. O luxo feito para consumir, degustar, dar prazer e não apenas para mostrar bom gosto ou status.


O sumo de romã é dos sumos mais trabalhosos de fazer: primeiro a trabalheira de descascar as romãs, depois triturá-las e depois a trabalheira de passar tudo por um grande passador para tirar todos os pedacinhos de carocinhos brancos que restam. Mas no fim obtemos o luxo: um sumo único, de grande qualidade (natureza pura), cheio de qualidades anti-oxidantes e doce como o mel.

E pronto, agora podem chamar-me maluca por achar que beber um sumo de romã acabadinho de fazer é um luxo. Estejam à vontade. E se quiserem, digam-me o que para vocês é um luxo?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Encontro Portugal - Brasil

Mais um encontro blogueiro, mais uma amiga virtual que se transforma em amiga real. Mais uma pessoa que ganha forma na minha frente, com rosto, corpo, voz própria. Essa passagem do virtual para o real é maravilhosa e surpreendente. Até agora sempre me surpreendeu pela positiva. Tenho tido a sorte de ter atraído pessoas maravilhosas ao meu blog. Não tenho uma palavra má a dizer de ninguém, nunca na vida tive que apagar um comentário. Só me aparece gente boa!

Ontem foi um desses dias especiais, conheci a querida Beth, do blog Mãe Gaia, amiga brasileira com quem troco umas ideias já há algum tempo. Nesta sua viagem à Europa, Beth foi a Londres e agora veio a Lisboa, e querida como só ela, convidou-me para um lanche maravilhoso, em que trocámos ideias, histórias e risadas (palavra linda do português do Brasil) por quase duas horas. A conversa fluiu como se fossemos velhas amigas. A Beth passa uma energia boa, positiva. Encontrámos muitos pontos em comum e agora quando for ao seu blog comentarei com a memória de um animado fim de tarde numa esplanada da Avenida de Roma. Até à próxima, Beth.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Faróis

Mais um para a colecção.

Farol de Stª Marta

Dias felizes e luminosos, dias de sol e calor, dias para andar na rua, para viver outside.

Quem é que disse que era Outono?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A estupidez tem limites

Ou será que não tem? Vejam bem este caso. Uma actriz brasileira, que é sempre muito bem recebida em Portugal, retrata o nosso país desta maneira num programa da televisão brasileira.

Esta pessoa, para além de ser absurdamente ridícula, fútil, burra e xenófoba é também extremamente mal-educada, uma vez que faz questão de humilhar o país e o povo que tão bem a recebe.

O desprezo de alguns brasileiros por Portugal e pelos portugueses é antigo, mas nunca pensei que continuasse a ser proclamado e difundido em programas de televisão supostamente sofisticados e inteligentes.


sábado, 10 de outubro de 2009

Lisboa

Lisboa num dia de Outono com cheiro a Verão. Com sol e calor de 30º. Com aquela luz de Lisboa que a faz tão bonita.


Vale a pena viver aqui, por isso faço o apelo a todos os lisboetas que não se esqueçam de votar amanhã nas eleições autárquicas que são tão importantes como as legislativas.
A abstenção é uma vergonha, uma anulação do cidadão, que abdica do seu direito de voto tão arduamente conquistado. Sim, amanhã a meteorologia prevê outro maravilhoso dia de 30º, mas não deixem que a vontade de ir para a praia vos impeça de ir votar. As urnas estão abertas das 8h às 19h, por isso não há desculpa para não tirar 15 minutos do seu dia para ir votar. Lisboa agradece. Todas as autarquias do país agradecem. Por favor, votem.


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Seremos mesmo pestes?

Eu não gosto de fazer generalizações. Muito menos generalizações contra o meu género. Não gosto de dizer mal das mulheres como um todo. E também não costumo entrar na conversa de que as mulheres são todas muito mázinhas umas para as outras, umas verdadeiras pestes. E isto apesar de no meu trabalho eu verificar isso mesmo há mais de cinco anos.

Neste momento trabalhamos no mesmo espaço diariamente 13 mulheres, e infelizmente, é um inferno. Zangas constantes, diz que disse constante, todas dizem mal umas das outras, e eu no meio a tentar não dizer mal de ninguém e a ouvir todas.

Quando tínhamos dois homens a trabalhar connosco, eles conseguiam desanuviar o ambiente, faziam piadas, acalmavam os ânimos e nunca ouvi da parte deles qualquer tipo de intriga contra os restantes colegas. Será que aquilo que eu sempre neguei é mesmo verdade? Será que as mulheres são mesmo umas pestes umas para as outras? Será que em ambientes profissionais só masculinos não existe este tipo de confusões?

Apesar das evidências, como já disse, eu não gosto de generalizar. Talvez estas mulheres específicas sejam intriguistas e conflituosas por natureza. Talvez eu tenha tido o azar de ir parar ao pior galinheiro do país! Logo eu que sou uma pessoa de paz e que adoro tranquilidade no trabalho sou obrigada a viver no meio destas tricas e confusões que tanto me chateiam.

Segundo as filosofias new age , nós atraímos as pessoas às nossas vidas consoante a nossa conduta, o nosso estado de espírito, a nossa forma de encarar a vida, etc. Mas que raio, algo está mal com a minha aura, devo estar com um problema de comunicação com o universo! Quando é que eu começo a atrair pessoas peace and love como eu?

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Recordar a Diva

no 10º aniversário da sua morte.


Até custa a crer que Amália já morreu há dez anos. Como o tempo voa. Mas é bom ver que Portugal não a esqueceu nem vai esquecer tão cedo. Os projectos para celebrar esta efeméride multiplicam-se, sendo o mais interessante, na minha opinião, o projecto Amália Hoje. Magnífico o tema A Gaivota cantado pela poderosa voz de Sónia Tavares (fica para outro post).

Mas aqui fica a original, a única e inigualável Amália. A voz inesquecível duma mulher que sofreu toda a sua vida de uma gravíssima depressão e que se vivesse hoje andaria a tomar anti-depressivos e andaria tão alegre que nunca teria escrito estas palavras amarguradas que com tanto sentimento cantou.

Existe uma tendência muito grande para conotar Amália ao Estado Novo e ao Portugal triste e cinzento do tempo da outra senhora, mas a tristeza de Amália era só dela, vinha-lhe da alma. Não era o espelho de um país, era o espelho do seu coração.




E vocês gostam de Amália? Contem-me coisas.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Mudar de vida

Muda de vida, se não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não podes viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar


Quando era pequena sonhava com aventuras maravilhosas na minha vida de adulta. Nessa época eu desejava que a minha vida fosse um enorme filme do Indiana Jones. Cresci, e tornei-me uma adulta demasiado séria, a pessoa menos aventureira ao cimo da terra. Mudanças? Não. Deixa estar tudo como está. Pelo menos isto eu já conheço. Arriscar? Não. Deixem-me estar quieta aqui no meu canto.

Fiquei com muito medo de mudanças. Qualquer mudança era para mim um bicho de sete cabeças. Sentia a necessidade de mudar, mas não conseguia concretizar a mudança. Inventava mil desculpas, muitas delas válidas, para deixar tudo na mesma.

Desde há pouco mais de um ano estou a tentar mudar. Estou a tentar aceitar as mudanças, embarcar nelas sem medo do que elas me possam trazer. Arriscar, ainda é para mim muito difícil. Tenho medo do imprevisível. Mas agora já sou capaz de mudar, de fazer, de procurar aquilo que quero, apesar de os caminhos nem sempre serem fáceis.

Às vezes temos mesmo de mudar de vida.